domingo, 27 de março de 2011

Um mundo paralelo.



O dia não me tinha corrido lá muito bem e nem me apetecia pensar nele. Nem sei se Gabriel gosta de mim ou não, não quer dizer que eu goste dele. Mas é como eu digo, é um sentimento esquisito.
Tinha tido prova de Clarinete hoje, e não me tinha corrido lá muito bem, acho que vou tirar um e treze ou catorze.
Chegámos a casa e eu fui logo para o quarto. Era praí umas oito da noite e adormeci que nem uma pedra.
“TITITITI TITITITI TITITITI TITITITI TITITITI”
Desliguei a porra do despertador e levantei-me. Fui beber o meu café (claro! O café é a primeira coisa que tenho que fazer logo pela manhã! Eheh) e fui tomar banho.
- Harmonie, tens pastilhas de menta? As minhas já se acabaram!
Harmonie revirou-me os olhos e riu-se.
- Estão no bolso do meu casaco! Vai lá buscar.
Dei uma corrida até ao nosso quarto e procurei pelo casaco dela. Estava em cima da cadeira da escrivaninha.
Procurei pelos milhentos de bolsos que aquele casaco tinha e encontrei as pastilhas. Ao retirá-las deixei cair um papelinho.
“ Mas ela anda bem? Parece que está em baixo!          Descansa, isto passa-lhe Gabriel!”
Senti um fervilhar na barriga, de raiva, ciúmes e nervos. Eles estariam a falar de mim? Será que eles tinham alguma cena os dois?
- Encontraste-as?
Dei um pulo e arrumei á pressa o papelinho todo amarrotado.
- Si… Sim! Já tou a ir!
Ao vestir-me, reparei que Abigail não estava em casa. Pronto… Estava a dormir no telhado! Olhei para o relógio e faltavam vinte minutos para o autocarro passar pela estação.
- Monie, vou chamar a Abby, de certeza que foi dormir no telhado.
- ‘Kay.
Peguei numa panela e numa colher de pau e fui a correr para o telhado.
Deparei-me com uma Abigail e um Rick muito apaixonados, abraçados e dorminhocos.
Bati com a colher de pau na panela, a fazer cariados ritmos ensurdecedores.
-TOCA A ACOOOOORDAAAAR POMBIIIINHOOOOOOS DO AMOOOOR!
Abigail começou logo a resmungar qualquer coisa do género “ Cala-te sua parva!”
Quando ambos repararam que estavam aninhados um no outro, largaram-se logo, um pouco corados.
- Eu não queria estragar este beco do amor, mas tenho que vos avisar que faltam cerca de…- Olhei para o relógio que era do meu avô…- dez minutos para apanhar-mos o autocarro!
- Oh não! Outra vez? Já não tomo um banho em condições á um dia! – Disse Abigail toda exasperada.  
Ri-me e deixei os pombinhos em paz.
Fui arranjar a mochila da escola e o clarinete e fui pôr maquilhagem.
Quando estávamos todos prontos, dirigimo-nos para a estação e apanhamos logo o autocarro.
Abigail ia entretida com Rick, Harmonie com John e eu… Sozinha! A ouvir os meus queridos Queen e a formar harmónicos consoante a música.

A primeira aula que ia-mos era acústica ( BAH! ), e eu tinha que me sentar ao pé de Gabriel, o que não era nada bom! Pois ficava com enjoos devido ao nervosismo!
-… Os trabalhos de casa são…- O stôr de acústica, intitulado de “babão” devido à excessiva baba que ele expelia cá para fora, já nos estava a enxergar de trabalhos de casa até às orelhas quando senti uma batidela suave na minha mão.
Era Gabriel… Oh não!
- Preciso de falar contigo Melodie!
- Okay… Que fiz que agora?
- Deixa a campainha tocar que já digo.
- Sim senhor.

Deixei a aula correr até tocar. Ao ouvir a estridente campainha  que simulava “ HEY PESSOAL TOCA A IR PARA O INTERVALOOO!”, senti um grande aperto no coração  e um .. GRANDE formigueiro no estômago.
Gabriel agarrou-me pelo ombro e puxou-me por ele. Fomos até ao fundo do corredor, onde não estava ninguém.
Estavam lá cadeiras e ele mandou-me sentar numa delas. Ele estava passadinho? Escangalhei-me a rir, estava tão nervosa caraças!
- Não tem piada! – Disse ele arrogante.
- Tem sim! – Ri-me outra vez.
Ele sentou-se numa cadeira à minha frente. Começou a olhar para todos os lados, menos para mim e começou a suspirar.
Estava a preparar-me para me levantar e ir embora quando ele começou a falar de rajada.
- Olha, contaram-me que tu... Hum … Gostavas de mim e que andavas em baixo… E pronto, eu também parece que notei isso…
Calou-se e olhou para mim.
- Sim?
- E era para te dizer para não teres esperanças porque eu gosto de outra rapariga… :/
- Era só isso? Okay. xD!
Levantei-me e fui-me embora.
Bem. Agora já tinha percebido o sentido do papelinho que Harmonie tinha no bolso!
Ao dirigir-me para os cacifos, fui contra Stark.
- Porra! Só me faltavas tu agora!
- Que é que tens Mel?
- Não me chateies! P’lo menos agora! Deixa-me em paz! – Comecei a soluçar cada vez mais e empurrei-o.
Ele agarrou-me a mão e fez com que eu olha-se para a cara dele. Ele estava tão sério, mas tão preocupado ao mesmo tempo que até meteu pena!
- Vamos dar uma volta, não vale dizer não Melodie.
Snifei e fui com ele de arrastão. Fomos até ao jardim e ele sentou-me num dos bancos que havia lá.
- Não penses que te vou contar alguma coisa, porque não vou. – Olhei para o sentido contrário de onde ele estava.
- Não quero que me contes nada Melodie, quero é que estejas bem. Precisas que faça alguma coisa?
Olhei para ele e num impulso abracei-o.
- Sou horrível! Não faço nada de jeito e ninguém gosta de mim!
Comecei a chorar ainda mais e ele apertou-me contra si. Quando percebi que já se estava a aproveitar de mais de mim, larguei-o e fui para a casa de banho mais próxima dali.
Sentei-me no chão de uma das casas de banho e peguei no estojo.
“ Tu prometes-te!” , senti as palavras a ecoarem na minha cabeça.
“ Não faças isso!”…
Afugentei os pensamentos da minha cabeça e abri o estojo. Lá estava ele. O meu querido e amigo xizato.  Peguei nele e puxei a lâmina para fora.
 Respirei fundo e pensei no que estava prestes a fazer. E porquê?
Já estava farta de tudo e tinha saudades de tudo… Dos meus pais… Principalmente deles…
E só de pensar que tinha sido tudo por causa da porcaria de um cortezito de merda na porcaria do meu pulso.
Esqueci-me de tudo e da morte dos meus pais e passei com a lâmina fria no meu pulso.  Senti um frenesim no meu pulso e quando vi, tinha um carreirinho de sangue a escorrer pelo meu pulso. Passou de carreirinho para carreirão de sangue.
Comecei a sentir-me tão mal… Mas levantei-me e tirei papel higiénico, para tapar o corte.
Ao sair da casa de banho, meia tonta, reparei que Stark ainda estava lá. Olhei para ele e sorri. Cambaleei para a frente e passei de ver a cores, para ver tudo branco. Enrosquei-me à pressa nos braços dele.
- Diz à Abby e à Monie que peço imensa desculpa…
E desmaiei . 


                                                             * M

sábado, 26 de março de 2011

It's a beautiful night.. Don't spoil it!

"I hate that I love you so.."


A manhã começa com berros de Harmonie:
-DESPACHEM-SE! VAMOS PERDER O AUTOCARRO! ESTAMOS MESMO ATRASADAS!


Olhei para o visor do meu telemóvel e... Oh não.. faltavam 10 minutos para o autocarro passar lá em baixo! Levantei-me o mais depressa que consegui, vesti a roupa mais larga que tinha (era a mais fácil de vestir), arranjei o meu escuro e cansado cabelo comprido e fui directa à casa de banho para lavar a cara, os dentes e pôr maquilhagem decente. Passei pela cozinha e Harmonie já estava pronta, mas Melodie estava a acabar de beber café:
-Não comes nada?- pergunta Monie.
-Não, eu depois vou ao bar para não nos atrasarmos! Estamos prontas?
-Ya, vamos embora! Tens uma pastilha?- pergunta Mel um pouco acelerada.


À medida que saíamos, tirei da mala uma caixa de pastilhas de mentol e dei-lhe. Assim que chegámos à rua, o autocarro passou mesmo à nossa frente, o que nos fez correr por entre o trânsito, sem nos magoarmos, claro!
Ao menos chegámos a tempo! Sentadas ao pé da porta de saída, a nossa respiração ofegante ouvia-se mais do que as conversas paralelas das velhinhas e empresários (sem dinheiro para Porsche).
Na escola, não queria ver ninguém que desde ontem me anda provocar irritações no cérebro.. Sim, o Rick! Está bem que também fui muito desagradável, mas ele... afff... não tinha o direito de me estragar a noite, respondendo aos meus bitaites! AAAAAAAHH.. apetece-me fugir!!!
No cacifo, descarreguei todos os livros e cadernos que tinha na mala e pus o caderno de História, juntamente com o livro e os phones do mp3 na mala.. Quando fechei a porta, assustei-me de tal maneira que mandei um berro!
-Ah então é essa a tua reacção mental quando me vês!- Rick... m*rda! Ainda com a roupa de ontem, cabelo todo despenteado e notava-se que tinha posto desodorizante há pouco tempo... Deve ter dormido no telhado!
-Que queres?! Não chegou teres-me estragado a noite?- desviei-me dele e dirigi-me para a sala.
-Espera!- Rick ajoelha-se, segura na minha mão e olha para mim com aqueles olhos escuros- Desculpa, fui um estúpido e confesso que tinha ido ao telhado para te picar.. Queria animar-te em relação ao desaparecimento da Monie!
Rick olhava para mim como se o mundo acabasse naquele preciso momento..
-Levanta-te mongo! 'Tás parvo?! Podias ter pedido desculpa apenas, escusavas de me humilhar hoje!!-  puxo a mão dele para o levantar e sigo para a sala.


-Meninos, muita atenção! Reparem que o Império Romano se expandiu por toda a Europa, chegando até à Península Ibérica e, logicamente....- bláblábláblá.. A turma inteira estava adormecida, excepto eu que não para de pensar no que fazer depois daquele pedido de desculpas..
Eu não o amo... eu preciso dele! É como se, de repente, todo o meu mundo dependesse do dele sem que me perguntasse primeiro! Era uma espécie de sintonia, ou de coscuvilhice entre janelas de prédios paralelos, que desde o primeiro dia que descobrimos a morado um do outro, não paramos de olhar para a janela vazia dos nosso quartos.. Eu não o amo, preciso dele.. só isso!
O meu raciocínio parou quando me atiraram uma pequena borracha à cabeça, que me fez mandar um " Hey" bem alto:
-Abigail Thompson!! Posso saber porque me interrompes a aula?! Agora, logicamente, vais ter de continuar o que estava a dizer..
- Desculpe, prof. Light! Os romanos estenderam-se também para o continente asiático, parando a sua expansão na Rússia?- mandei a resposta ao ar...
A resposta seguiu-se de uma data de risos da gente adormecida... Obviamente, o erro foi grave!
- Errado! Esteja com atenção e talvez perceba- pedi desculpa pelo sucedido e olhei rapidamente para Harmonie, que olhava para mim com ar de "eu explico-te melhor em casa"; para Melodie que escreveu num papel "nem eu sabia"; para Gabriel que olhava para mim como se fosse comida e finalmente para Rick que olhava para Gabriel como se ele fosse um alvo a abater.. De seguida, olhou para mim , pegou na borracha e notei que faltava um bocado (bolas! como é que não percebi)!!
Escrevi num papel "Mas tu não te cansas?"
Ao ver o papel, Rick gatafunhou algo: "De te chatear não! De me preocupar, nem um bocadinho.. Quero falar contigo"... Deixou-me a pensar durante o resto da aula sobre o que quereria ele falar comigo!
O simples facto de o ter deixado no telhado do meu prédio numa noite perfeita para o romantismo, deve-o ter deixado mal, e eu sinto-me mal mas... ele é estúpido, mulherengo e...meteu-se na minha cabeça com o intuito de nunca mais sair!
A campainha toca e no reboliço da saída, deixei Harmonie, Melodie, Gabriel e Rick para trás. Apeteceu-me andar pelos corredores das salas de estudo sozinha, talvez para pensar no que fazer em relação a tudo..
Tinha muito tempo, pois a próxima aula seria dali a 1 hora, o que dá tempo para pensar, comer e estudar um pouco...
Ao passar pelas salas de flauta, noto que batiam na porta de uma sala, do lado de dentro.
-ABRAM A PORTA!! HEY... SEUS ANORMAIS!! ABRAM!!- a voz era claramente de uma rapariga que não devia ter menos de 15 anos.
Estava em frente à porta a pensar se deviam rodar a maçaneta ou ir chamar um funcionário para abrir.
Bem, com isto passaram 5 minutos da minha vida a pensar em alguém que mais tarde me seria insignificante, mas resolvi rodar a maçaneta. A porta abriu-se e de lá saiu de rompante uma rapariga de estatura baixa, não muito gorda, com o cabelo aos caracóis curto e de olhos de um imenso azul claro.
-Onde é que eles estão?!- gritou a rapariga.
-Eles quem? Não vi ninguém.
-Bolas! Eu hei-de os apanhar! Obrigada por me teres aberto a porta! Chamo-me Caroline e ando no 5º grau em Flauta Transversal.
-Ok. Se não te importas, eu vou andando!
Virei costas e continuei a andar. Ia arranjar uma sala para estudar alguma coisa .
À medida que descia as escadas, notei que os meus passos estavam com um som duplicado.. Olhei para trás e vi que estava a ser seguida.
-Hey! Já te salvei o dia, cumpri a minha boa acção do dia, mas deixas-me voltar à minha vida normal, ou seja, sem sombra?- ela ficou a olhar para mim, surpresa e sem conseguir falar.
-Ok. Desculpa, não precisas de ficar assim!
Antes de entrar na sala das partituras, recebo uma mensagem da Mel: "Vem ter ao bar. Urgente!".
Desci as escadas, em direcção ao bar e vez de lá estar Mel, estava Rick:
- Golpe baixo! Não vale...
-Oh desculpa, mas precisava de falar contigo, lembras-te? Anda dar uma volta até ao jardim...
O dia estava quente, porém com aquele sol londrino. Rick parecia atrapalhado e com medo do que iria dizer.
-Bem, para começar, dormi no telhado do teu prédio porque a festa durou até às 5h da manhã, portanto, desculpa lá o cheiro.
-Pois.. podias ter dormido no teu telhado ao menos.
-Estava a espera que voltasses! Afinal, que mal te fiz eu para saíres logo daquela maneira?
-Rick, não queiras saber, não peças desculpa nem penses dar a volta para vires parar ao mesmo mais tarde. O que te interessa é que neste momento a última pessoa que eu quero ver és tu!- tinha medo de lhe dizer que possivelmente estaria a apaixonar por um rótulo que, acidentalmente, lhe foi colocado.
-Abby, se eu te fiz algum mal é porque o mereceste! Da forma como me tens tratado, não admira..
-Desculpa?! Eu até tenho sido bastante simpática para contigo! Tu é que és um gajo que tem a mania que come todas! Eu de TI não quero nada a não ser apenas...- Rick interrompe-me com um longo beijo nos lábios que, não só achei fora de tempo, como também convencido.
Empurrei-o com a minha máxima força e depois fiquei a olhar para ele estupefacta.
-Que foi?! Vais-me dizer que não gostaste?
-Adeus Rick!
Virei costas e voltei para o polivalente mesmo a tempo de começar a aula de Inglês, onde íamos dar "Romeu e Julieta".. Uhuh, que emoção!
Chegámos a casa e sentá-mo-nos as três no sofá.
-Odiei este dia.. mas principalmente ODEIO O RICK!!
-Este dia foi para esquecer.. o Gabriel gosta de mim ou não?
-Este dia nunca aconteceu... Como é que eu posso ser tão anormal?!
As horas passavam e as nossas costas já começavam a doer, por isso, decidimos ir para os quartos, supostamente para dormir.
Não tinha muito sono, por isso fiquei nas escadas de emergência, a olhar para o céu que só me compreendia à noite. Pus-me a entoar pequenos sons e pequenas lágrimas escorriam pela minha face, mas não foi por isso que parei de entoar aquela melodia estranha. 
-Olá...- o som vinha-me das escadas, no entanto, não vinha do primeiro andar mas sim do telhado. Olhei para cima, mas não vi ninguém. Levantei-me e subi as escadas até ao telhado. Era Rick que já tinha trocado de roupa, no entanto algo não estava bem nele. Algo não estava no sítio correcto! O cabelo escondia-lhe os olhos e os seus lábios estavam a conter-se para não dizer algo que provavelmente no magoaria.
Era lua cheia e o céu estava limpo e, daquele telhado, viam-se todas as estrelas existentes naquele imenso Universo.
-Desculpa eu..- interrompi-o pousando o meu dedo nos seus lábios.
-Está uma noite linda! Não a estragues.. - segurei-lhe na mão e levei-o para o sofá velho que, do pouco que nos conhece, nos acha loucos e teimosos. Rick envolveu-me nos seus braços e acariciou-me a face.
-Não tens de ir para ca...- interrompendo-me ao pousar a sua mão nos meus lábios.
-Está uma noite linda.. não a estragues!- sorriu para mim e recostou-me ao seu corpo, fazendo-me adormecer numa mistura de sons e sentidos que só nós compreendemos. Se gosto dele?! ODEIO-O !

*A
Londres, 9 de Setembro de 2010

quinta-feira, 24 de março de 2011

"You make me feel good"



- Espera! Não fujas! Por favor, volta!- gritei, enquanto corria atrás de Johnny. Ele corria que nem uma lebre e eu começava a ficar cansada. Não sou propriamente uma rapariga em boa forma... 


- Deixa-me ir, Harmonie. Não quero falar agora.


- Desabafa comigo, Johnny! Só te fazia bem...

- Pronto, como queiras... - respondeu, tristemente, dirigindo-se comigo para os bancos que se encontravam mesmo ao nosso lado. 


Estava mesmo nervosa, e cheia de pena do Johnny. Começava a imaginar como seria perder a minha mãe, o meu pai, ou alguém de quem eu era muito próxima. Deve ser horroroso!


- Como disse à bocado, a minha irmã morreu enquanto saía deste parque. Foi no ano passado, numa linda tarde de Verão, em que eu e ela decidimos que precisávamos de ter uma daquelas nossas tardes de irmãos, em que nos fartávamos de comer gelados. Foi então, enquanto passávamos a passadeira para voltar para casa, que ela foi atropelada por um parvalhão que passou o sinal vermelho, como se não tivesse visto nada - disse, completamente raivoso.


- Oh Johnny, isso é horrível!


- Pois, principalmente quando te sentes culpado por tudo o que aconteceu.


- Oh Johnny - disse, agarrando as suas mãos - a culpa não é tua. A culpa é do estúpido que a atropelou. Tu não podias fazer nada para o evitar! 


- Podia sim! Eu devia tê-la protegido! Eu é que devia ter sido atropelado. Eu é que devia ter morrido! - gritou Johnny,já a verter lágrimas.


- Johnny! Ouve o que eu te digo! - exclamei, apertando com mais força as minhas mãos nas suas - Pára de pensar que a culpa é tua. A culpa NÃO é tua. Ninguém podia prever o que ia acontecer. Agora, tens de seguir em frente. Ela irá sempre permanecer no teu coração.


- Obrigada Harmonie.Conheço-te à tão pouco tempo e já sinto que és uma das melhores pessoas que conheci. Obrigada por me ajudares, e por me ouvires, Obrigada, por tudo - disse Johnny, dando-me um beijo na testa, muito carinhoso. Ele tinha razão. Conhecia-o à um par de dias , e já era tão importante para mim. Ele era um rapaz tão inteligente, carinhoso e querido que até era difícil de acreditar que ele existia mesmo. Parecia um produto da minha imaginação!


- De nada, John - respondi, limpando as suas lágrimas - Sempre que precisares, estarei aqui, sempre pronta a ouvir-te e a ajudar-te. Só te quero ver bem! Nada de tristeza, ok?  - disse, com um grande sorriso nos lábios. 
-Ok :) Desde que te tenha ao meu lado, tudo estará bem - respondeu, recebendo em troca, mais um dos meus grandes sorrisos carinhosos - Olha, gostava de te convidar a ir jantar a casa dos meus pais. Que dizes? 
- Ahahah, por mim tudo bem! Mas espera, jantar? Que horas são? Ai credo! Já é tão tarde! Elas devem andar aflitas para saber onde é que eu ando! Importas-te que lhes mande uma sms, num instante?! - Exclamei, aflita.
- Estás a vontade! Mas vamos andando para minha casa, ok? 
- Ok :D




A casa dele era linda! Parecia uma autêntica mansão.Tinha por volta de dois andares,era branca(com ligeiros toques de bege), e tinha um estilo muito clássico. Quem me dera ter uma casa assim! 
- Esta é a tua casa?! - disse, espantada.
- Sim. Porque estás surpreendida?
- Porque é mesmo muita linda! Pensei que vivias num apartamento, ou coisa assim...
- Como os meus pais têm bastante dinheiro, não preciso de viver num apartamento. Embora às vezes me desse mais jeito viver numa lugar que ficasse mais perto da escola... - comentou Johnny. Tinha acabado de descobrir que os seus pais eram ricos. Mais uma qualidade à acrescentar à lista - Bem, vamos entrar. Os meus pais já devem estar preocupados - disse ele, dirigindo-se para a entrada.
Se eu tinha ficado admirada com exterior da casa, então o interior era ainda melhor! Paredes cobertas com papel de parede bege finérrimo, mobilia finérrima, tudo finérrimo! Lindo!
- Estava a ver que nunca mais chegavas, Johnny! Vejo que trouxeste companhia - exclamou a mãe de Johnny, seguida pelo seu marido.
- Mãe, Pai, esta é a Harmonie. Harmonie, esta é a minha mãe, Marta, e o meu pai, Roberto. - apresentou Johnny, após os seus pais se encontrarem ao nosso lado.
- Muito prazer, menina Harmonie - disseram ambos.
- O prazer é todo meu - respondi,educadamente.
- Bem, imagino que tenham bastante fome. Venham para a cozinha. Preparei-vos um prato tipicamente português que é de comer e chorar por mais! - disse Marta, divertidíssima.


Após o jantar,dirigimo-nos ao quarto dele, e sentámo-nos na sua cama. Era um quarto tipico de um rapaz músico. Cheio de posters de bandas, guitarras e um pequeno teclado. Foi então que, enquanto observava os tais posters, reparei numa coisa maravilhosa:
- AI EU NÃO ACREDITOOO! TU TENS UM POSTER DOS MUSE! - Exclamei o mais alto que as minhas cordas vocais permitiam.
- Ei! Calma! Claro que tenho! São a minha banda favorita - respondeu ele, calmamente.
- O quê?! Eles são a minha banda favorita desde os meus 12 anos! Eu sou totalmente obcecada por eles! 
- Estás a gozar?! Wooow! Mais uma coisa que temos em comum - comentou ele, chegando a sua cara perto da minha... e cada vez mais perto... Eu estava a começar a ficar com borboletas na barriga... E quando os nossos lábios se estavam prestes a tocar,"acordei" daquele transe e exaclamei:
 - Ai, tenho de ir! Já é muito tarde! Adeus Johnny, adorei estar contigo. Temos de nos encontrar mais vezes!
- Sem duvida. Mal posso esperar para voltar a estar contigo - disse, de uma maneira ligeiramente sensual.




Chegada a casa, reparei que Abby e Melodie estavam entretidas com as suas coisas, por isso, decidi não incomodá-las, sentando-me sossegadamente a olhar para o meu poster dos Muse, a pensar no Johnny e como ele me fazia sentir... tão... bem.







*H

sábado, 19 de março de 2011

I'm so confused...

Porra, que dor de cabeça! Aquela queda não tinha sido nada jeitosa! Estava escuro, mas, com a ajuda do meu telemóvel, iluminei o caminho.
Cheguei à estação de autocarros, e ao ver os horários, vi que o último autocarro tinha partido à cinco minutos a trás.
Cheguei então à conclusão que tinha que ir até à estação de táxis... Dei uma corridinha até lá e apanhei logo um táxi.
Quando cheguei a casa, reparei que Abby estava preocupada, como não a queria preocupar ainda mais, decidi não lhe contar o estranho acontecimento que me tinha acontecido!
Depois de jantarmos sem Monie, decidi ir á procura dela, já era demasiado tarde para ela não estar em casa, e, como ela costuma ser a primeira a chegar a casa, estava-mos mesmo preocupadas!
- Manda-me mensagens de todos os sítios que fores!
- Assim o farei Abby!
Doía-me tanto a cabeça que só me apetecia dormir e só acordar nas vinte e quatro horas seguintes, ou até mesmo hibernar!
Procurei por todos os sítios que sabia que ela ia, mas nada.
Liguei então a Aby, mas esta não antendeu o telemóvel, pela segunda vez... Já devia ter adormecido, era o que era!
- Acho que não devias andar por aqui a estas horas. Uma princesa como tu pode correr muitos perigos.
Olhei para todos os lados, mas só via escuridão, e só uma lâmpada de rua a iluminar uma pouca porção de terra.
Um vulto mostrou-se nessa mesma luz, e quando vi melhor, era Stark.
- Tu outra vez? Andas-me a seguir ou quê?!
- Eu? Tu é que provavelmente gostas de passar em sítios onde eu passo regularmente! Estou a caminho de casa!
Calei-me, e muito provavelmente, corei.
- Desculpa então... Andava à procura de Harmonie... Ainda não chegou a casa...
- Hum.. Ela pode ter ido a casa de alguma amiga!
- As únicas amigas que ela tem sou eu e a Aby, ainda não conecemos ninguém daqui! E eu só te conheço a ti e a Gabriel!
Senti o meu telemóvel vibrar e vi que era uma chamada.
- Espera, tenho uma chamada... Sim? Ela já está em casa? O John?! Oh Meu Deus! Vou já a correr para aí...
Comecei a dirigir-me para casa, estava um frio de rachar cá fora, e a cabeça ainda me doía muito.
- Então? Ela já chegou a casa?
- Ahn? Ah, sim. Xau.
- Espera! Posso-te levar a casa? Para não correres risco de ser raptada ou assim...
- Estar acompanhada por ti, ou ir sozinha é igual, por tanto... Não, não me podes levar a casa.
Ele dirigiu-se para mais perto de mim e agarrou-me outra vez a mão. Senti um quentinho na barriga, mas não gostei.. Acho eu :s
Ele olhou-me nos olhos, com um olhar " matador-sedutor" e sorriu.
- Tens a certeza Melodie?
- Não. - SIM! PORRA !
- Então eu levo-te...
Pronto... És tão burra Melodie! Tão burra!
Fingi que não ia com ele, e segui o meu caminho. Ele correu e agarrou-me a mão, entrelaçando os seus dedos nos meus. Não me deixei ir, pelo que afugentei-o, mas ele agarrou-me outra vez.
Mas que raio de sentimento era este!? Eu não quero rapazes! Não, não e não! Larguei outra vez a mão dele.
Mantivemos-nos calados o tempo todo, não tinha tema para falar com Stark, não gostava nada dele! Era tão convencido em " Sabe Tudo! "
- Sabes que não gosto nada de ti, não sabes?
Ele olhou para mim e sorriu.
- Tens a certeza que não gostas Melodie?
- Tenho. Absoluta. - Virei-lhe a cara e comecei a tirar as chaves de casa. - Olha, eu vivo aqui, por tanto, adeus.
- Xau Melodie - Chegou-se outra vez perto de mim e aproximou a cara para se despedir de mim.
Dei-lhe um aperto de mão, não estava para lhe dar esperanças nenhumas! Ele p'lo contrário, agarrou com sensualidade a minha mão e puxou-ma para si.
Fiquei muito perto dele, e confesso um pouco desnorteada, mas, quando caí em mim, afastei-me dele.
- Adeus Stark!
Entrei à pressa em casa e enfiei-me no quarto. Assim que me deitei na cama ouvi a campainha tocar.
Porra, já era tão tarde e ainda tinha visitantes!?
- Olá Melodie, desculpa incomodar... Mas posso entrar ?
- Olá Rick! Podes! Olha, a Harmonie está ali na sala especada a olhar para anti-ontem, pressuponho que a Abby esteja no telhado...
- Okay, obrigada!
- D'nada...
Subi as escadas e fui para o meu quarto, ALELUIA! Que dia... Estafante!
Mas... Não tinha sono nenhum... Eu não queria admitir... Mas acho que sinto alguma coisa por Stark, não muito forte! Claro! E isto com "umas colherzitas de bicarbonato de sódio" ( como dizia eu num teatro que fiz, era o bobo, ahahah), passa tudo! Não, mas isto ia passar...
E com um *plim*, adormeci.

Inconstante

"Turn away...I will not kiss you.."


Pois é.. Melodie chegou mesmo quando acabei de jantar e perguntou-me o mesmo! Harmonie tinha ido à biblioteca e desde então nunca mais a vimos.. Será que decidiu finalmente jantar fora?!
-Eu tentei ligar-lhe.. mas tem o telemóvel desligado, por isso deixei-lhe uma mensagem no voicemail... Pode ser que veja..- Mel estava mesmo preocupada, mas não havia nada a fazer.
O relógio dava as 20h30 e nem sinal dela. A minha conversa com Mel estava a ser tudo menos interessante, pois ambas tínhamos algo a dizer uma à outra mas, por alguma razão, não conseguíamos... Notava-se à distância.
A sala estava dividida em dois, sendo uma parte a "sala de jantar" (com paredes coloridas, variando do azul até ao rosa) e com duas mesas com o símbolo da Ace Cafe que o senhorio tinha pedido emprestado numa "daquelas noites"...
A sala de "convívio" foi decorada ao nosso gosto.. Uns quanto posters das nossas bandas favoritas, flyers de eventos musicais sobre um fundo variando entre o preto e o branco; o sofá é do estilo daqueles bancos de restaurantes à anos 80 de cor cinzenta. Televisão? Para quê? Raramente estávamos em casa, seria um desperdício.
Acabado o jantar, Mel resolve sair à procura de Monie, deixando-me sozinha com uma sala para arrumar!
Deviam ser 22h quando a campaínha tocou:
-Eu sabia que não vinhas!- Rick...tinha mesmo que ser?
-Não, não vou.. E se me vens convencer, podes fechar a porta quando saíres sozinho? É que estou a arrumar a sala..- com Harmonie desaparecida, não me apetecia nada, mas mesmo nada ir para uma festa.
-Ok! Eu não te vim convencer.. Apenas vim perguntar se querias ajuda! Estava a ver-te da janela, os meus colegas de quarto divertem-se mais que eu quando se trata de festas na própria casa...
- Está errado cuscar as pessoas.. Mas fizeste bem em vir! Não consigo pegar no sofá sozinha e, acredita que o cotão e os pacotes de pipocas estão TODOS lá em baixo, por isso, mexe-te!


Bastaram-nos 30 minutos para limpar a sala, a cozinha, a casa de banho e os quartos; e apenas 5 minutos para aparvalharmos... Entre sabão, chuveiro e pratos por lavar, a única coisa suja naquela casa éramos nós e a minha roupa não servia a um rapaz com um corpo de futebolista, por isso, teve de voltar para a festa.
- Depois de trocar de roupa, posso vir para aqui para vermos algum filme que achas? Txii...acho que preciso de um banho- pois, o cheiro a almôndegas de ontem não era lá muito agradável numa t-shirt!
-Por mim, tudo bem.. Mas não sei se preciso de ti para ver filmes! A Harmonie desapareceu e a Mel já foi há muito tempo procurá-la e também ainda não chegou! Se calhar, vou precisar da tua ajuda para as procurar.. Não és o único que precisa de um banho!- eu também não me safei das almôndegas.
Depois de Rick ter saído, fui ver o meu telemóvel. Tinha 2 chamadas não atendidas e 6 mensagens. As chamadas foram feitas por Mel e as cinco mensagens também (diziam os sítios que ela já foi procurar); mas uma era de Harmonie:


"Estou bem, num parque chamado Parque das Amoreiras com o Johnny. Ele está muito mal e ficámos a conversar até agora. Não se preocupem, volto antes das 23h e vou jantar a casa dos pais dele para o deixar bem entregue. Até logo"


Liguei à Melodie assim que acabei de ler, para ela voltar para casa porque ela estava bem. Melodie, entre resmungos vinha a caminho, cansada e pronta para se deitar assim que chegasse a casa.
Tomei um banho e fiquei um pouco no meu quarto a olhar para as novas partituras, fresquinhas e um pouco mais exigentes. Tentei concentrar-me na melodia, mas estava sem paciência e resolvi ir até ao telhado.

A noite estava perfeita para me fazer adormecer ali mesmo, no telhado do prédio, mas preocupavam-me duas coisas:
1) Que teria acontecido a Johnny para Monie ter ficado com ele?
2) Será que vou dormir no telhado esta noite?

Sentada no sofá velho, em frente ás grades que separam o telhado do chão, olhava para a escuridão da noite e sentia que o mundo estava entregue a mim. As estrelas alinhariam-se conforme a minha vontade e nada as impedia de seguir as minhas ordens.
-Posso?- Rick, tinha-me esquecido dele!
-Andaste-me a cuscar da tua janela outra vez?
-Não, a Mel abriu-me a porta e disse que provavelmente estarias aqui a "pensar na roupa de amanhã"..
-Hmm..- não me apetecia muito ouvi-lo. Estava contente com o poder que tinha sobre as estrelas e o céu.
-A Harmonie já apareceu?- provavelmente estava a meter conversa
- Está em casa dos pais do Johnny. Ela está bem. Mas acho que não te preocupa muito isso e que só queres meter conversa para eu cair nos teus encantos. Desculpa desiludir-te, mas não caio nessa. Senta-te aqui se não queres ir para aquela barulhenta festa.
A minha enorme e rápida resposta fez com que a sua capacidade de decisão rápida iniciasse sessão no seu cérebro de atleta mulherengo.
- Está uma noite linda! Não fales senão estragas a noite!- mais um bitaite, Abby 2-0 Rick..
- Eu não quero que caias nos meus braços como todas as outras raparigas, aliás, eu não te escolhi, TU é que me escolheste com aquele sorrisinho na aula de Acústica!-- uuuuh esta doeu sua cabeça de abóbora
- Eu?! Que eu saiba, TU é que começaste com aquele jogo de olhinhos, o que me provocou esse sorriso que, pelos vistos, te deixou deslumbrado. 
-Por acaso deixou-me deslumbrado porque me fez pensar todos os dias e todas as noites. E desde então eu não consigo parar de pensar em ti, porque me cativaste e agora ignoras-me como se eu te tivesse feito algum mal! 
-E fizeste Rick!- gritei tão alto que fez eco no bairro inteiro. Por mim, o jogo de respostas tinha acabado. O que ele disse tinha-me chocado bastante e mal acabei de gritar, levantei-me e dirigi-me para as escadas do prédio, deixando Rick sozinho no telhado.
Cheguei a casa, Monie já tinha chegado. Estava sentada no sofá a olhar para o poster dos Muse, colado por ela, provavelmente nem me tinha ouvido chegar. Até que Mel desceu as escadas a correr, despenteada e com ar preocupado. Apenas disse boa noite e subi para o meu quarto, trancando a porta e deitando-me na cama, ainda vestida com a roupa de rua.

*A
Londres 8 de Setembro de 2010

quinta-feira, 17 de março de 2011

Runnaway

A manhã correu-me bastante bem... na parte educativa! A minha parte social estava abaixo da média!


De que me vale ter um grande Q.I. se não me ajuda a socializar?
Enquanto os intervalos passavam, a minha cabeça parecia um satélite, enquanto vagueava pelos corredores à procura dele.. O rapazinho que foi contra mim ao pé do caixote do lixo! Sim, parece estúpido mas desde aquele dia que passo mais vais vezes por aquele caixote..


À tarde, separá-mo-nos para ter aulas de instrumento e só mais para o final da tarde é que nos encontrámos no café, em que tanto eu como Abby reparámos que a Mel estava muito distante, mas não a seguimos quando ela saiu.. apenas seguimos para o que tínhamos de fazer: a Abby para o centro comercial (para variar) e eu fui até casa buscar umas coisas de História para estudar na Biblioteca Municipal.
Passei por lojas, pessoas, carros e serviços pelos quais muita gente anda obcecada, mas eu não vejo muita utilidade nelas. A natureza é mais útil que isto tudo, a ciência é o método mais utilizado para a estudar, a música é a maneira mais lógica de a ouvir e a mão é o elemento natural mais utilizado para a sentir.. eu gosto!


À medida que olhava para o telemóvel, esperava encontrar algo na caixa de entrada, mas nada aparecia, por isso, atirei-o para a mala e continuei a andar. Faltava pouco para chegar quando me pareceu ver- à entrada da biblioteca- uma cara familiar! Seria Gabriel, o prof de Acústica, o rapazito de olhos cor de avelã?


- Oh és tu! Que queres?- era Joseph, um colega nosso, muito pior que eu! Alto, chieinho e de óculos (um pouco convencido), por isso é que mandei logo vir com ele.
-Olha a mais bela da turma! O que a trás a um sítio tão pouco desejado pelos adolescentes londrino, minha bela donzela?- ya.. pelos vistos, tinha uma panca por mim.. Ganda sorte!
-Não te interessa muito! E que tal ires estudar? Se calhar tirava-te a mania toda! Cá para mim, vais desistir deste curso e vais para coveiro.. fazia-te bem conviveres com alguém!
-Ahahahah... Muito bem então! Eu não te chateio mais se me deres um beijinho na cara..- que nojo!!
-Nem penses! És demasiado giro para eu te tocar- sádica, como sempre.
-Joseph, deixa-a em paz! Não vês que tás a ser inconveniente... Desaparece!- era ele! O rapazito de olhos cor de avelã!
-Ena, não sabia que tinhas namorado! Calma, matulão, eu vou-me embora!- Joseph ficou todo cagado de medo.
Virei-me lentamente, ainda a organizar as ideias:
-Uau! Obrigada, mas não era preciso, eu conseguia livrar-me dele!
-Ah ok! Desculpa então- nem pensem que eu o ia deixar assim, foi a primeira vez que falámos.. quer dizer... segunda, mas nem uma nem a outra chegaram a ser conversas decentes.
-Não! Quer dizer, o que estás a fazer aqui?
-Queres que diga a verdade?- aquela surpreendeu-me bastante
-Quero! Diz lá
-Eu vim atrás de ti, desde que te vi a sair de um prédio que suponho que seja a tua casa. Mas bem, queres mesmo entrar na biblioteca? Conheço um sítio mais fixe mais estudar.. Queres vir?- sim, sim e SIM.
-Hmm.. Não sei.. É muito longe?- estúpida -.-
-Está descansada... Não te vou levar para minha casa nem para nenhum bairro problemático. Vem!


Passámos por ruas e mais ruas, pelo parque e campos desportivos, sem nunca saber o final do trajecto. 
Quando finalmente chegámos, notei que estávamos num outro parque (quase fora da cidade), pelos vistos pouco utilizado mas bem preservado.
-Wow! Como é que encontraste  isto?-  estava surpresa... À medida que entrávamos, parecia que tínhamos chegado ao País das Maravilhas (com a diferença de não ter o chapeleiro louco, o coelho e a Rainha de Copas e seu exército)!
O parque seguia o trajecto do rio Tamisa, e a cor predominante era o rosa das amoreiras (as quais não faltavam e eram mais que o resto das outras árvores):
-Como o próprio parque indica, este é o Kensington Park! É óptimo vir aqui nestes dias de sol, embora que, no Inverno, o parque esteja sem este rosa porque o Inverno chega em breve... Mas é calmo e podes estudar aqui em Setembro e Novembro (se aguentares o frio)! Descobri o ano passado quando..- silêncio profundo. 
-John.. O que se passa?- a sua cara ficara pálida e o seu cabelo tapara-lhe os olhos.- Fala comigo, por favor!
-Quando a minha irmã foi atropelada ao sair deste mesmo parque! Agora, se não te importares, apanha o autocarro se quiseres voltar para casa antes do anoitecer.. Desculpa!- Johnny afastou-se a correr para dentro do parque. 




"Não penses nisso"


*H

sábado, 12 de março de 2011

Confusion

Elas provavelmente iriam ficar chateadas se lhes disse-se onde ia, mas era mais forte que eu. Aquele sonho não tinha sido um sonho normal, isso sabia eu!
Fui de autocarro até ao centro comercial, para depois apanhar outro autocarro que ia ter perto do sitio do sonho. Ao entrar no autocarro, pareceu-me ver Abby, mas, olhei outra vez para trás e estava tudo vazio. Só eu e o condutor. Quando o autocarro parou, saí rapidamente.
Distraída como era, fui contra um homem.
- Desculpe! Foi sem querer!
- Não faz mal. – O Homem recompôs-se e olhou para mim.
Quando vi quem era, o meu coração parou. Freddie?
- És mesmo tu Melody? – Sorriu, verdadeiramente.
- Oh Freddie! Há quanto tempo! O que andas a fazer por aqui?
- Mudei-me, Aqui tenho melhores condições de trabalho! Então, como tens andado?
-Bem e tu?
- Também! Olha, não quero que leves a mal, mas estou mesmo com pressa para apanhar o autocarro, tenho que ir fazer uma coisa. Encontramo-nos por aí!
- Claro! “Inté”!
Fui a tempo de apanhar o autocarro, sentei-me e comecei a pensar no que me tinha acabado de acontecer.
Freddie foi o meu único namorado que eu tive até hoje, pelo menos, namorado a sério. Namorámos durante 4 anos. Mas tinha que ser ás escondidas, porque ele era mais velho que eu, alguns anos!
Ele fora o amor da minha vida, e confesso que ainda sinto uma coisa muito especial por ele. Mas como ele me disse “ Isto não resulta porque somos basicamente irmãos”.
Parei de pensar no “amor da minha vida” e voltei a pensar no sonho.
Quando dei por mim, já tinha chegado.
Lá estava eu, no penhasco do meu sonho. Mas porquê? Porque é que tinha sonhado com aquilo?
Sentei-me numa pedra grande e senti a brisa forte a bater contra mim e apreciar o mar bravo a bater contra as rochas.
Ouvi paus e arbustos a serem pisados, estava ali alguém. Quando olhei para trás vi o tal rapaz de olhos verdes.
- Olá! – Disse-me ele com um sorriso.
- O que é que tu estás aqui a fazer? – Perguntei-lhe perplexa.
- Eu costumo vir fazer caminhadas depois das aulas, e passo sempre por aqui. Por tanto… O que é que tu fazes aqui?
- Não é da tua conta. – Respondi, rudemente.
- Hey? Mas que mal te fiz eu? Tratas-me assim desde que te vi! Alguma vez te fiz alguma coisa?
Olhei-o nos olhos e tombei a cara, parecendo um gato confuso.
-Desculpa. Hum. Eu vi aqui porque… Bem, se te contar uma cosia tu não contas a ninguém?
- Claro…
- Bem, tive um sonho estranho onde alguém me chamava até aqui. Este local, esta pedra onde estou sentada, chamava-me no sonho. Mas não sei o porquê… Então decidi vir.
O rapaz sorriu e olhou para mim. Ele era extremamente lindo, mas irritante.
- Mas olha lá, ainda não sei o teu nome, miúda!
- E por mim nem vais saber.
Levantei-me da pedra e comecei a dirigir-me para o carreiro que dava para a estrada, ter ido ali tinha sido o meu pior erro.
Ele agarrou-me pela mão, mas eu soltei, e ele voltou a agarrar-me. Não a soltei, mas não o olhei nos olhos.
- Oh, então!? Estás-me a tratar como se te tivesse chamado um nome ou assim! Só quero ser teu amigo! Não sou nenhum pedófilo! Porra!
Soltei a mão com cuidado e olhei para ele. Bem, ele tinha razão…
- Chamo-me Melodie…
Virei costas e comecei a andar.
- Prazer! Eu sou o Stark!
Parei e olhei para trás, ele estava com um sorriso envergonhado, típico… Sorri-lhe também.
Virei outra vez costas e vim embora.

O caminho ainda era longo, e já estava muito, muito escuro e eu estava cagadinha de medo! Ora porra!
Ouvi passos a trás de mim e comecei a correr! Ao olhar para trás, a vislumbrar a escuridão, tropecei num pedregulho e caí. “Adormeci” de imediato.  


                                                                                                                *M

Let's Party!!

"I can't even see you.."


A manhã passava rápido e dei por mim sozinha no corredor à espera da aula que ia ter dali a 2 horas. Não conseguia esperar pelo tempo, tive que tirar a guitarra, pois sentia um grande frenesim dentro de mim e não aguentava vê-la fechada dentro duma mala.
Bastou uns simples acordes para atrair a atenção de vários alunos. Quando finalmente resolvi olhar para cima com a curiosidade de ver quem gostava de me ouvir, achei que era melhor parar..
Entre muitos incentivos para recomeçar ouvi um que me fez procurar a origem dele:
-Se queres estar aqui, prova a toda a gente que aqui está que realmente sabes o que fazes!
Não encontrei a pessoa que disse tal coisa, mas ainda assim peguei de novo na guitarra:


"How can't you see
that the one who made the skies
ahas given you to me


How could you make me smile
with just a simple "hello"
That made us stay talkin' for a while


I must say that I'm impressed with you
But I just wanna say how much I love you...."


Entre palmas e alaridos ouvi alguém a dizer:
-Não estou impressionado!


Quando a multidão dispersou depois de ouvir a campainha, um rapaz que nunca tinha visto na vida (muito menos mascarado) e não liguei muito. Limitei-me a arrumar a guitarra, pegar nas minhas coisas e ir em direcção à sala que ainda estava por encontrar..
O rapaz começa a seguir-me por entre corredores e pessoas a sorrirem para mim, a minha paciência foi-se esgotando:
-Olha lá! Não tens mais nada que fazer?! Quem pensas que és?!
O rapaz pára, olha para trás e responde muito timidamente:
- És a Abby? Tenho uma coisa para ti, pediram-me para te entregar. Desculpa o incómodo...
O rapazito entrega-me uma folha que, para além de parecer ter sido arrancada de um caderno à pressa, não vinha assinado: "Não estou impressionado!".
-Mas quem é que te entregou isto?- eu dirigia a palavra ao rapazito, mas ele tinha desaparecido do nada, deixando numa imensa confusão.
--------------
No final do dia, encontrei-me  com a Mel e a Monie e mostrei-lhes o papel. Não pude dizer muita coisa porque a Melodia estava com pressa para ir a algum lado (não disse a ninguém), deixando-nos perplexas em pleno Starbuck's.
- Temos de descobrir o que se anda a passar! A Mel nunca nos escondeu nada e para o estar a fazer é porque o motivo é bastante forte!- disse eu, ainda agarrada ao papel.
- Queres fazer o quê? Armar-te em detective e começar a segui-la? Deixa-te de cenas, quando ela quiser conta! Temos de dar espaço, esta história também me intriga imenso. Vá, vamos pagar e vamos para casa estudar.- respondeu Monie.
-Vai tu, acho que vou dar uma volta até ao centro comercial.. Vou comprar umas partituras que o meu prof pediu!
Assim que saímos, consegui chegar a tempo de apanhar o autocarro para lá. Sentei-me no fundo do autocarro, meti os 'phones e pus-me a olhar para a janela.
Quando chegámos à próxima paragem, vi Melodie a entrar no autocarro e escondi-me no banco (não sei.. foi instinto). Sentou-se dois bancos à frente do meu e pude ver que estava nervosa. Pus a hipótese de ir ter com ela e perguntar-lhe se ela também ia ao centro comercial, mas o mais certo é ela pensar que a ando a seguir portanto mantive-me no meu lugar.
O autocarro parou no centro comercial e Melodie saiu primeiro que eu em passo apressado. Ao entrar vi que ela estava a falar com alguém, mas não consegui ver quem era, por isso, segui para a loja de música.
-Ah bolas! Esqueci-me de levantar dinheiro!- resmunguei para mim.
Esgueirei-me pela multidão até à caixa multibanco, levantei dinheiro suficiente para as partituras e talvez para levar jantar para as três.
Depois de comprar as partituras, fui até ao supermercado (pensei em comprar lasanha mas... acho que a Harmonie ia enjoar) e comprei os ingredientes para desta vez ser eu a fazer o jantar.
Estava à espera do autocarro quando alguém pousa a sua mão no meu ombro:
- Não esperava ver uma rapariga como tu a fazer compras num centro comercial! Compraste o quê? Roupa?
- Rick, nunca pensei que fosses aquele tipo de rapaz que andasse a perseguir raparigas como eu num centro comercial!- Rick é aquele rapaz de olhos escuros que me andava a fazer olhinhos durante as aulas.
- Eu não te segui, ó convencida! Eu apenas vim actualizar os meus conhecimentos artísicos na loja de música e vi-te lá e resolvi ver o que andavas a fazer..
Ao entrar para o autocarro, reparei que ele também entrou, por isso:
-Então sempre me seguiste! Mas deixa lá isso.. Vais para onde?- perguntei convencida que o ia chatear até sair.
-Vou para o pé do Starbuck's! Vivo do outro lado da rua.. E tu? 
- Vou para o pé do Starbuck's que é onde eu moro! Eu não sabia que moravas para aí, pensava que vinhas do outro lado da cidade..
- Fixe! Então, à noite eu vou dar uma festa em minha casa.. Queres vir ? Diz que sim.
-Hmm.. Não sei, eu pergunto à Mel e à Monie se querem vir e depois mando-te uma mensagem ok?
- Ok Abby! Não te atrevas a seguir-me..- embirrou comigo uma última vez.
O sol estava a pôr-se e o dia tinha sido atarefado, por isso, chegar a casa foi um milagre.
Pousei a mala e comecei a tratar do jantar, ainda que a Mel não tenha chegado e a Harmonie tenha ido passear até à biblioteca.. acho eu!
Moral da minha parte do dia: Vou dormir no telhado!

[Continua]
*A
Londres,  8 de Setembro de 2010

quinta-feira, 10 de março de 2011

Alone...

As aulas do dia já tinham acabado.
Estávamos de volta a nossa casa. Eram 6 da tarde, e já começava a escurecer. Abigail, Melodie e eu preparámos um lanchinho ( batatas fritas com refrigerante) e sentámo-nos no sofá, a conversar sobre o primeiro dia.
 - Que dia maravilhoso! -  disse Melodie, cheia de felicidade.
 - Sem dúvida. Tudo isto é perfeito! Não achas Harmonie? – Exclamou Abigail.
 - Sim, sim, é isso tudo… - respondi eu, aborrecida.
 - Que se passa, Harmonie? – disseram elas.
 - Não se passa nada…  - disse.
 - Escusas de estar com essas coisas, Monie. Já sabes que te conhecemos muito bem, sabemos quando estás triste ou não.
 - A sério! Não se passa nada. – respondi rudemente.
-CONTA! – disseram ambas aos mesmo tempo.
- Oh, é que simplesmente me sinto sozinha… À bastante tempo que não tenho namorado e começo a ficar com saudades de ter um. Quero-me apaixonar, percebem?
-Oh pariga! Que tontice! Ainda agora começaste o ano lectivo. É óbvio que vais encontrar alguém. – exclamou Melodie.
- Simplesmente tens de esperar – comentou Abigail.
-- Acham mesmo? – disse, esperançosa.
-- É claro que sim, sua doida! – respondeu Abigail
-- Owh :$, obrigada! Vocês são as melhores amigas que uma pessoa pode ter! – Disse, indo abraçá-las logo de seguida.
-Bem, agora vou estudar um bocadinho. Aquele stor de Acústica encheu-nos de trabalho até às orelhas!

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Começávamos o dia com História. A disciplina que eu mais detestava. O que vale é que tinha aula de Instrumento logo a seguir, a aula que andava desejosa de ter!
 - Despacha-te, Monie! Temos de ir para a aula! – disse Melodie.
 - Vão andando! Tenho de ir à casa de banho .
Enquanto me dirigia para lá, reparei que havia um lixo no chão. Como sou uma rapariga muito ecológica, e logo ao lado se encontrava um caixote, decidi apanhar o lixo.
Foi então que, de repente, alguém veio contra mim.
 - Credo! Que cabeçada! – Disse eu, sem olhar para quem tinha chocado comigo, cheia de dores.
 - Ai ! Peço imensa desculpa! – respondeu o sujeito.
Quando reparei quem era, o meu coração parou. Era o rapaz mais giro que eu tinha visto em toda a minha vida! Olhos cor de avelã, cabelo curto castanho claro com misturas de louro e lábios carnudos e rosados. QUE BONZÃO!
-Aaah… Não faz mal… - disse, super envergonhada.
- Como te chamas? – perguntou ele.
-- Harmonie, e tu?
-- Johnny. Bonito nome o teu :D
-- Ahah, obrigada… Olha tenho de ir para a aula. Adeus. Gostei de te conhecer – disse, correndo a mais rapidamente possível para a aula.


*H