domingo, 10 de abril de 2011

I'm a Disaster!




Acordei (ainda de olhos fechados), com muito sono e dores de cabeça. Ainda não tinha sido desta que tinha ido...
 Harmonie estava furiosa, notava-se pela respiração dela, juntamente com soluços de choro e preocupação...
Decidi abrir os olhos e enfrentar a realidade, o sermão de Monie e Abby, e provavelmente o facto de não me voltarem a falar.
Quando abri os olhos, Harmonie estremeceu e começou logo a ralhar comigo... Ainda tentei pedir-lhe desculpa e explicar-lhe, mas, com a porcaria das dores de cabeça não consegui dizer nada de jeito e ouvir nada de jeito, apenas um "ADEUS!" muito furioso de Harmonie.
Comecei a chorar e Abigail tentou acalmar-me, perguntando-me se eu estava bem e dizendo-me que Harmonie não ia ficar chateada comigo. Mas eu sabia que ela também estava furiosa comigo...
Num ápice, senti um aperto no coração e comecei a chorar ainda mais, mas para disfarçar comecei a chamar Stark, para vir ter comigo. Abigail, acalmando-me, foi buscar Stark que apareceu numa questão de segundos, sorrindo falsamente.
- Acordas-te!... - Respirou fundo e puxou uma cadeira para mais perto da cama de hospital onde eu estava deitada.
- Pelos vistos.
Não liguei a Stark e peguei no meu "chaço", a ver se tinha alguma mensagem.. E também para mandar uma sms a Harmonie... Ao pegar no telemóvel, vi que tinha algumas mensagens, e uma delas era de Adam, a perguntar se eu estava bem.
Caramba! Ele era tão estranho.. Há dias que não falávamos e ele assim do nada mandou-me isto!
Nervosa, respondi-lhe " Sim. Mais ou menos. No Fim-de-Semana encontramos-nos em casa dos meus pais. Tenho que fazer limpezas. Beijo."
- Isso... Doí?
- Não Stark, e não me perguntes isso, estou um pouco zangada. E confesso que não me apetece aturar-te.
- Porra, até doente tu és má para mim!?
- Temos pena.
Estava numa pilha de nervos e sabia que algo se passava, não conhecia muito bem Stark, mas já sabia quando é que ele estava nervoso... Quer dizer, até ver se ele está com gases é fácil!
- Então porque é que me chamas-te aqui porra!? Se soubesse nunca te tinha segurado, tinhas ficado estendida no chão, sozinha!
Stark levantou-se e foi para a janela, abriu os seus olhos ( ainda mais do que eles já eram abertos), e ficou esbugalhado a olhar para a estrada.
- Que é que se passa? - Perguntei, meia curiosa.
- Hum? Nada, estou a ver... As pessoas.
- É, e eu estou a ver o papa. - Levantei-me, tirei os tubinhos que estavam ligados a mim e fui ter com ele, para espreitar.
Começou a fazer barreira para eu não passar, mas eu empurrei-o, até que me segurou nos braços, aleijando-me imenso no pulso.
- AI! PORRA! - comecei a chorar de dor e empurrei-o ainda com mais força contra a parede. - Deixa-me ver a porra da paisagem, ou que é! FOGO!
- Desculpa! desculpa, não vás ! A sério!
Não o ouvi e fixei o que se passava na rua.
Era... Harmonie... a entrar no hospital... Numa maca...
- Porque é que não me contaste logo seu tanso!?
Ainda a gemer de dor, corri para o corredor do hospital, vagueando por entre pessoas desconhecidas, que me olhavam um pouco de lado, talvez soubessem do que me tinha acontecido, e procurei por Harmonie.
- Harmonie!? Digam-me onde está a porra da Harmonie! Por favor!
Um enfermeiro agarrou-me o ombro para eu parar, estava com cara muito séria, bah, mauzão!
- Menina, tem que se acalmar, sim? Está a perturbar aqui o hospital. Vá ali à secretaria procurar pela sua amiga.
Corri para a secretaria e procurei por uma funcionária. A minha cabeça latejava de dor e eu sentia que ia desmaiar, mas não o fiz, precisava de estar com Harmonie.
As funcionárias da secretaria estavam todas reúnidas ( a fazer nenhum ) e a pintar as unhas, a pesarem-se e até a comer!
- Olhe, óh faz favor?
Uma das funcionárias olhou. Era uma mulher velha, com uns óculos na ponta do nariz, cheia de rugas até ao joelho e com um baton muito vermelho e esborratado.
Olhou-me com um ar empinado e revirou os olhos. - Diga menina?
Bah! Que voz mais analasada !
- Eu estava à procura de uma rapariga chamada Harmonie, pelos vistos acabou de entrar aqui.
A mulherzinha começou a procurar no computador, olhou para mim e suspirou.
- Menina, a sua amiga está nas urgências, na sala de operações.
- Sala de operações!? Mas qual é o estado dela!?
- Diz aqui que ela está com o braço partido, em estado grave, mas não tem mais ferimentos graves, ela vai ficar bem.
Corri para as urgências e fui contra Abby.
- O que é que estás aqui a fazer Mel!? Tens que ir para o teu quarto! Tens que descansar! Ainda estás muito fraca!
- Eu quero saber onde é que está Monie, já me senti bem pior que isto Abby.
Quando olhei bem para Abby, vi que ela estava de mão dada a Rick, o que não era normal, e tentei fazer um sorriso. Mas não o conseguia fazer, de todo.
- Ela está bem Melodie, não precisas de te preocupar.
- Mas tu ainda não percebeste que foi por minha culpa que Harmonie está na merda das urgências?
Rick e Abby olharam um para o outro e suspiraram, olharam para mim e suspiraram outra vez...
- Melodie, não vale a pena estares-te a preocupar agora com Harmonie, que provavelmente só vais voltar a falar com ela amanhã. Ela agora é dos médicos. Vai para o teu quarto e dorme. - Abby olhou-me intensamente, da maneira que eu odiava, fazendo-me virar costas e fugir dali para fora.
Ao entrar no meu quarto, desatei a chorar e enrosquei-me na cama rija do hospital. Não reparei quem estava lá, só me apetecia morrer!
Adormeci numa questão de minutos, acho que me tinham dado comprimidos para dormir, não costumo dormir assim tão "bem".
Quando acordei, desta vez sem dores de cabeça, finalmente! Levantei-me e espreguicei-me. Quando vi em redor, Stark estava no mesmo sitio onde eu o tinha deixado, pálido como o cal e muito desiludido.
Ele tinha ficado magoado com o que eu lhe tinha dito, com o que eu lhe tinha feito, com tudo... !
- Acordas-te...
Olhou-me com os seus grandes olhos azuis e tentou sorrir, mas não conseguiu.
Tentei mudar de tema, mas só fiz pior.
- Hum... Quantas horas dormi?
- Sei lá. Nem quero saber.
- Desculpa... Desculpa, desculpa, desculpa ! Não te queria magoar, nem sequer chamar tanso, mas tu não me dizias nada! E só fizeste pior porra!
Ele olhou-me de novo e olhou para o horizonte.
- 'Tá.
Ele estava magoado, ora bolas!
Dirigi-me até ele e peguei-lhe na mão, mas ele sacudiu-ma. Tentei pegar-lhe outra vez e ele aceitou, mas não olhou para mim.
Puxei-o para se levantar e, com a pouca força que tinha, consegui que ele se levantasse. Ele abraçou-me logo    , o que me fez ficar muito calma.
- Desculpa... - Disse ele, num tom muito amargurado.
Eu não queria admitir, mas acho que gostava dele. Mas eu não queria! Juro que não que...
- Depressa! A Harmonie já acordou! Ela já está bem! - Disse Abigail toda feliz!
Soltei logo Stark, mas ele segurou-me a mão e não a soltou, dando-me festinhas.
Fomos ter com Harmonie, que estava no quarto ao lado do meu, a falar com Johnny, toda sorridente, mas muito cansada.
Ela estava tão chateada comigo, eu sentia-o...
Quando viu que estávamos no quarto, quer dizer, quando viu que eu estava no quarto, o sorriso dela desvaneceu-se e olhou-me com um ar muito mau.
Toda a gente se calou, devido aquele "momento" e eu e ela éramos o centro das atenções.
- Desculpa Harmonie... Podes não me falar mais... Mas só quero que me perdoes e me compreendas... E desculpa o estado em que tu estás... Foi tudo por minha culpa...
Harmonie suspirou, e olhou de novo para mim.
- Esquece Melodie, já estou farta disto, fartíssima...
Fugi do quarto e corri para a rua, outra vez a chorar, mas desta vez Stark veio comigo. Não porque lhe pedi, mas sim porque ele quis.
Olhei para o reflexo do meu "eu". Uma Melodie de grandes olhos castanhos cansados, vermelhos de tanto chorar e cheios de olheiras, com um cabelo castanho grande e encaracoladamente fora do normal, e uns lábios carnudos descaídos, formando uma cara triste. Que era como eu estava e me sentia.
- Não era melhor ires vestir outra roupa Melodie? E íamos dar uma volta para tu espaireceres.
Olhei para Stark, e reparei que também ele estava cansado e com olhos vermelhos. Estaria ele estado a chorar? Também estava triste e preocupado. Mas tentava disfarçar, sorrindo-me.
- Sim, vou a casa trocar de roupa então, vens?
Ele não estava à espera desta proposta, pelo que sorriu mesmo com vontade e um pouco triunfante disse:
- Claro.


Depois de um banho calmo e um creme para olheiras, sentia-me um pouco melhor. Vesti uns calções pretos com uma t-shirt amarela, tudo escolhido "ao calhas" e apressei-me para a sala, onde estava Stark.
- Estou pronta... Vamos?
Ele acenou e levantou-se. Saí-mos de casa e passeamos até ao jardim.
Estava tudo calmo e o ar do jardim estava a fazer-me bem e a fazer-me esquecer de tudo o que se tinha passado hoje.
Stark e eu vimos juntos o pôr do sol e ele levou-me a casa.
Ao deitar-me na cama, adormeci por completo.


" Miauuu, miiaaauuuu"
Porra, mas que barulheira infernal! Mas que raio seria isto?
" Miauuu"
Levantei-me de rompante e fui espreitar a janela, era um gatinho! E estava perdido!
Abri a janela e chamei-o.
- Bichaninho, anda cá!
Ele veio e ronronou, estava conquistado! Peguei-o ao colo e fiz-lhe festinhas.
O motor do ronron não parava e eu estava cada vez mais apaixonada pelo bicho.
- Vais-te chamar Merciful! Pode ser?
O gatinho miou, como se tivesse dito sim e lambeu-me a cara.
Passei a manhã, agora já acompanhada pelo meu novo companheiro, a aprecia-lo.


Era sábado e tinha combinado com Adam que ia-mos limpar a casa dos meus pais, já lá não entrava desde que... Pronto...
Estava um calor abrasador, já não tanto como o do Verão, mais ainda apetecia ir tomar banhos de mangueira. Vesti então umas calças e uma t-shirt práticas e não muito quentes.
Ao chegar ao portão da minha antiga casa, ouvi o som de uma guitarra acústica, a tocar uma música minha conhecida.
- ... I'm Still loving you!...
Nunca tinha reparado, mas Adam cantava graciosamente bem! E conhecia a voz dele lá ao longe.
- Essa era a nossa música! - Disse, cheia de saudades do meu melhor amigo.
- Era e é Melodie! - Olhou para mim e sorriu. - Estava cheio de saudades tuas! - Pousou a guitarra no chão, ( pobrezinha!) e abraçou-me.
Já sentia saudades do cheiro familiar dele, dos braços dele a enrolarem-me a cintura e o sorriso admirável dele.
- E eu tuas, puto!
Ele riu-se e largou-me, deu-me as mãos e reparou no meu pulso. O sorriso dele desvaneceu-se, passando a ficar com uma cara séria. Olhou para mim.
- O que raio andas-te a fazer Melodie!?
Olhei para o lado e respirei fundo.
- Melodie? O que é que a Abby e a Monie disseram disto?!
- A Monie foi atropelada... Por causa disto...
- O quê!? Ela está bem!? Oh meu deus!
- Sim... Está viva e só partiu a perna... - Comecei a chorar descontroladamente mas ele abraçou-me.
- Oh pequenina... Não chores, ela vai-te perdoar... A sério!
Limpei as lágrimas e comecei a dirigir-me para a porta de entrada da casa. Aquele cheiro... Fazia-me lembrar tudo o que eu tinha perdido. Tudo o que me fazia realmente feliz! Tentei esquecer-me das coisas más e entrei em casa.
- Adam? Não entras?
Ele tossicou. - Si.. Sim! - Veio a correr e entrou também em casa.
Começá-mos por limpar a cozinha, depois a sala de estar e por fim os quartos. Claro que com Adam não podia fazer tudo certo. Ou seja, fizemos lutas e mais lutas. Luta de água, luta de almofadas...
Levei milhentas recordações de lá de casa, fotos, echarpes, brincos, pulseiras da minha mãe, roupas antigas minhas, toda a minha colecção de alll star e até a minha maquilhagem antiga. Meti tudo na mochila e sai de casa. Esqueci o passado todo e peguei na mão de Adam.


" Já estamos em casa, a Monie está melhor e já não está tão chateada contigo " .
Ao ler aquela mensagem, o peso no meu coração desvaneceu-se um pouco e fez com que consegui-se sorrir. Logo após ter arrumado o telemóvel, recebi outra mensagem.
" Ah, e o Stark está farto de perguntar onde andas. Onde andas?"
Respondi-lhe. "vim a casa dos meus pais mais Adam. Estou a recordar velhos tempos. Não lhe digas onde ando."
"ok"
Arrumei o telemóvel na mala e olhei para Adam. Estava com a sua cara de pensador, o que me despertava curiosidade.
- Em que é que estás a pensar?
- Numa surpresa que te vou fazer, segue-me.
Adam começou a dirigir-se à minha frente e fez com que eu corresse para acompanhar o seu passo, ele tinha crescido! Apenas os seus olhos castanhos se mantinham iguais, o cabelo estava mais curto mas um pouco encaracolado e os lábios estavam mais finos. Ele estava um borracho!
Quando chegámos, reparei que estávamos na praia, um sítio que era muito frequentado por nós, antigamente. Adam sentou-se numa rocha e pegou na sua guitarra.
- Acompanhas-me, Melodie?
Sorri e sentei-me também.
- Que música vamos cantar ?
- Adivinha. - Piscou-me o olho e começou a enamorar as cordas, que o obedeceram, apaixonadas, dando uma melodia bela.
Não conhecia aquela música, mas a letra tocava-me no coração, fazendo-me ficar com borboletas na barriga.
Estava tão feliz que me deu vontade de o abraçar, e assim o fiz. Rimo-nos um do outro e recordámos desastres nossos naquela praia, o jogos que fazia-mos, as asneiras que cometia-mos...
Estive-mos assim até o sol ficar mais vermelho, antes de se pôr. A minha casa ainda ficava longe da praia, e ir sozinha para casa à noite, não era muita boa ideia.
- Bem, está na hora Adam, tenho que ir para casa...
- Posso-te acompanhar? - Fez beicinho, coisa que eu não suportava que ele fizesse.
- Vá... Anda lá...
Ele riu-se e fez sons de vitorioso, cromo como sempre.


Estivemos calados durante a viagem até casa, e como já estávamos mesmo a chegar, não sabíamos o que dizer um ao outro, coisa que nunca acontecia... Então comecei a pensar em coisas estúpidas para lhe perguntar.
- Então, e quem é agora a menina que andas babadinho?
Ele sorriu e olhou para a paisagem.
- Sabes, desde que foste para a escola de música, que mudei imenso. Já não tenho namorada desde a última vez que nos vimos. Acho que encontrei o meu verdadeiro amor.
- O quê!? Aii! Que bom! Quem é??
Ele parou e olhou para mim. Pegou nas minhas mãos e sorriu.
"Oh não", pensei.
- Adivinha.
Num ápice, Adam encostou os seus lábios nos meus e beijou-me. Desde pequenino que ele queria fazer isto. Desde pequenino que ele gostava de mim... Eu sabia-o e ele já mo tinha dito imensas vezes.
Foi um beijo duradouro e tão.. Bom...
Por fim, abracei Adam e ele deu-me um beijo na testa.
Ao separar-me dele, vi Stark à porta de casa. A olhar para mim, já com lágrimas nos olhos.
Oh não! Que estúpida que eu era!
- Adeus Adam... Falamos por mensagens.
Corri para dentro de casa e enfiei-me no meu quarto.
Porque é que por onde eu passa-se, só fazia asneira!?


                                            *M

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