quinta-feira, 28 de abril de 2011

The best day of my life

- Onde… Onde estou? - Olhei à volta. Não me sentia nada bem. Estava cheia de dores, e não sabia porquê.
- Oh Harmonie, estás bem! – Johnny estava ao meu lado com um aspecto horrível. Olheiras, muito pálido e com lágrimas nos olhos.
- O que é que aconteceu? Eu… eu não me lembro de nada… Só me lembro de ter ido visitar a Melodie ao hospital…– Tentei levantar-me daquela cama horrorosa, mas era escusado. Johnny impedia-me, dizendo-me que tinha de descansar.

- Foste atropelada… Depois de a teres visitado, foste embora. E quando estavas a passar a passadeira  apareceu um carro, assim do nada.
- ATROPELADA?! Não admira que esteja cheia de dores! Parti alguma coisa? - disse, tentando quebrar a tensão que estava no ar. 
Johnny sorriu tristemente e respondeu-me:
- O teu caso não é grave. Apenas partiste o braço.
- Oh não! Como vou fazer em relação ao clarinete?!
- Bem, vais ter de ficar umas semanas sem tocar... Mas como é óbvio, vais poder continuar a ter as outras aulas.
- Pois, antes isso. Quando saio daqui?
- Amanhã, em principio. Oh Harmonie, nem sabes o medo que tive de te perder... Primeiro a minha irmã, depois tu, fiquei tão mal...
- Não te preocupes John, agora está tudo bem, ok? - disse-lhe, dando-lhe uma festinha na bochecha. Ele aproximou a sua cara até a minha e...
- Tenho de sair daqui rapidamente! Eu tenho de ir para casa! - Não estava preparada. Tinha medo de o beijar! E se, caso nós namorássemos, fizéssemos porcaria? Não queria correr esse risco.
- Não podes, querida. Tens de ficar aqui a descansar. E aliás, já combinei com a Abigail e com a Melodie para te virem cá visitar amanhã. Agora descansa. Dorme mais um bocado se quiseres - e deu-me um beijo na bochecha. 
- Ok, se tem que ser... - e logo a seguir, dormi que nem uma pedra.


********************* NO DIA SEGUINTE ***************************


- Que horas são, páh? - Já quase não sentia dores. Sentia-me como nova.
- São 11 horas da manhã, querida. Elas devem estar quase a chegar -Johnny também estava com melhor aspecto. 
- Dormiste aqui?
- Claro! Não te ia deixar sozinha.
- Owh, obrigada - Ele era tão carinhoso! Secalhar devia parar de ter estes receios que tinham em relação a ele. Nesse momento, Melodie, Stark e Abigail entraram no quarto. O meu sorriso desvaneceu mal vi Mel. Estava tão irritada com ela!
Desculpa Harmonie... Podes não me falar mais... Mas só quero que me perdoes e me compreendas... E desculpa o estado em que tu estás... Foi tudo por minha culpa.
 Esquece Melodie, já estou farta disto, fartíssima... - Dito isto, ela , seguida por Stark, saiu do quarto de rompante.
- Oh Harmonie, porque é que te custa tanto perdoá-la? - Abigail continuava sem perceber a minha fúria perante a situação da Melodie.
- Tu não sabes quantas vezes é que estas coisas de ela se cortar aconteceram! Ela sempre que as coisas não correm como ela quer, corta-se, feita parva. E eu não estou para aturar isso. Parece uma menina mimada!
- Oh, não sejas assim... Vais ver que ela vai mudar! - Johnny também achava que era um exagero eu estar tão chateada com ela
- Só vai mudar quando perceber que pode perder os seus amigos.
Johnny acalmou-me e Abigail e Ricky sairam para nos deixar em paz. Hum... Entre eles havia caso! Na certa!
Entretida nos meus longos pensamentos, notei que John estava a olhar para mim, sério.
Abanou a cabeça para "afugentar" os pensamentos e sorriu-me.
"tock tock"
- Menina Harmonie, tem alta! Incrivelmente conseguiu curar-se rapidamente, têm é que andar de muletas... - disse o homenzinho "negro" com a bata branco que era bué parecido com o Dr. Peter do serviço de urgência!
- Sim, na boa doutor! 


Comecei a levantar-me para ir para a casa de banho tirar aquela camisinha horrível do hospital e vestir as minhas Jeans bem apertadas e a minha T-shirt do Mickey Mouse quando Johnny me pega na mão.
- Anda, eu ajudo-te a ir, não faças muitos esforços...
- 'Tá bem... - Lá me ajudou.
Depois de tudo arrumado, saí mais Johnny daquele degredo e ele levou-me a casa.
Melhor dizendo... Fomos de Táxi!


Ao chegar perto de casa vimos Abby e Rick aos beijos à frente da porta, não pude evitar!
- Hey, pombinhos! Namorar é na cama, 'tá?
Eles afastaram-se e riram-se, sempre de mãos dadas. Olhei para Johnny e ele corou . Sorri, ambos estávamos a pensar na mesma coisa...
- Olha óh aleijadinha, a Melodie desapareceu, temos que ver o que se passa.. - Disse Abigail preocupada.
- Manda-lhe uma sms a perguntar-lhe onde é que ela está - respondi rápidamente, não me apetecia nada pensar naquela.. Naquela parva! - E não me voltes a chamar aleijadinha óh caixa de óculos!
- Hey! Eu só os uso para ler, tá!? E olha lá, o que é que eu lhe digo?!
- ... Que eu estou preocupado com ela e não paro de perguntar onde é que ela está - disse Stark, a ofegar, tinha vindo a correr desde casa, de certeza! Para ter aqueles abdominais todos em forma... Ui, Ui!
- Ok ... Vá, mas vamos subir e beber qualquer cena para festejar! - Disse Abigail toda sorridente.
- Festejar o quê? - Dissemos todos em uníssono
- Hum.. Festejar o facto de que... Hum... Temos namorado! Yaay!
Ri-me e olhei para Johnny.
Ele sorriu e corou. Tão fofo!
Abby e Ricky foram para cima, deixando-nos para trás com Stark.
- Bem, vão subindo que eu ainda vou ao café. Se a Mel chegar digam-me por favor!-  atravessou a estrada rapidamente como se tivesse algum compromisso. 
Johnny percebeu o meu olhar e dirigiu-se para mim, e dirigiu... Cada vez mais.. E mais... Até que ficámos a escassos centímetros de distância. 
- Diz se quiseres que eu pare. - Disse-me olhando-me nos olhos...
Agarrei-o e beijei-o. Wow... Era tão bom e sabia tão bem, sabia a pastilha de morango... 
Ele largou os meus lábios, um pouco dificilmente e olhou-me outra vez nos olhos. Agarrou-me na mão.
- Vamos ter com o resto dos loucos? 
Dei uma gargalhada e segui-o.
Surpreendentemente, tinha sido o melhor dia da minha vida.


H*

domingo, 10 de abril de 2011

I'm a Disaster!




Acordei (ainda de olhos fechados), com muito sono e dores de cabeça. Ainda não tinha sido desta que tinha ido...
 Harmonie estava furiosa, notava-se pela respiração dela, juntamente com soluços de choro e preocupação...
Decidi abrir os olhos e enfrentar a realidade, o sermão de Monie e Abby, e provavelmente o facto de não me voltarem a falar.
Quando abri os olhos, Harmonie estremeceu e começou logo a ralhar comigo... Ainda tentei pedir-lhe desculpa e explicar-lhe, mas, com a porcaria das dores de cabeça não consegui dizer nada de jeito e ouvir nada de jeito, apenas um "ADEUS!" muito furioso de Harmonie.
Comecei a chorar e Abigail tentou acalmar-me, perguntando-me se eu estava bem e dizendo-me que Harmonie não ia ficar chateada comigo. Mas eu sabia que ela também estava furiosa comigo...
Num ápice, senti um aperto no coração e comecei a chorar ainda mais, mas para disfarçar comecei a chamar Stark, para vir ter comigo. Abigail, acalmando-me, foi buscar Stark que apareceu numa questão de segundos, sorrindo falsamente.
- Acordas-te!... - Respirou fundo e puxou uma cadeira para mais perto da cama de hospital onde eu estava deitada.
- Pelos vistos.
Não liguei a Stark e peguei no meu "chaço", a ver se tinha alguma mensagem.. E também para mandar uma sms a Harmonie... Ao pegar no telemóvel, vi que tinha algumas mensagens, e uma delas era de Adam, a perguntar se eu estava bem.
Caramba! Ele era tão estranho.. Há dias que não falávamos e ele assim do nada mandou-me isto!
Nervosa, respondi-lhe " Sim. Mais ou menos. No Fim-de-Semana encontramos-nos em casa dos meus pais. Tenho que fazer limpezas. Beijo."
- Isso... Doí?
- Não Stark, e não me perguntes isso, estou um pouco zangada. E confesso que não me apetece aturar-te.
- Porra, até doente tu és má para mim!?
- Temos pena.
Estava numa pilha de nervos e sabia que algo se passava, não conhecia muito bem Stark, mas já sabia quando é que ele estava nervoso... Quer dizer, até ver se ele está com gases é fácil!
- Então porque é que me chamas-te aqui porra!? Se soubesse nunca te tinha segurado, tinhas ficado estendida no chão, sozinha!
Stark levantou-se e foi para a janela, abriu os seus olhos ( ainda mais do que eles já eram abertos), e ficou esbugalhado a olhar para a estrada.
- Que é que se passa? - Perguntei, meia curiosa.
- Hum? Nada, estou a ver... As pessoas.
- É, e eu estou a ver o papa. - Levantei-me, tirei os tubinhos que estavam ligados a mim e fui ter com ele, para espreitar.
Começou a fazer barreira para eu não passar, mas eu empurrei-o, até que me segurou nos braços, aleijando-me imenso no pulso.
- AI! PORRA! - comecei a chorar de dor e empurrei-o ainda com mais força contra a parede. - Deixa-me ver a porra da paisagem, ou que é! FOGO!
- Desculpa! desculpa, não vás ! A sério!
Não o ouvi e fixei o que se passava na rua.
Era... Harmonie... a entrar no hospital... Numa maca...
- Porque é que não me contaste logo seu tanso!?
Ainda a gemer de dor, corri para o corredor do hospital, vagueando por entre pessoas desconhecidas, que me olhavam um pouco de lado, talvez soubessem do que me tinha acontecido, e procurei por Harmonie.
- Harmonie!? Digam-me onde está a porra da Harmonie! Por favor!
Um enfermeiro agarrou-me o ombro para eu parar, estava com cara muito séria, bah, mauzão!
- Menina, tem que se acalmar, sim? Está a perturbar aqui o hospital. Vá ali à secretaria procurar pela sua amiga.
Corri para a secretaria e procurei por uma funcionária. A minha cabeça latejava de dor e eu sentia que ia desmaiar, mas não o fiz, precisava de estar com Harmonie.
As funcionárias da secretaria estavam todas reúnidas ( a fazer nenhum ) e a pintar as unhas, a pesarem-se e até a comer!
- Olhe, óh faz favor?
Uma das funcionárias olhou. Era uma mulher velha, com uns óculos na ponta do nariz, cheia de rugas até ao joelho e com um baton muito vermelho e esborratado.
Olhou-me com um ar empinado e revirou os olhos. - Diga menina?
Bah! Que voz mais analasada !
- Eu estava à procura de uma rapariga chamada Harmonie, pelos vistos acabou de entrar aqui.
A mulherzinha começou a procurar no computador, olhou para mim e suspirou.
- Menina, a sua amiga está nas urgências, na sala de operações.
- Sala de operações!? Mas qual é o estado dela!?
- Diz aqui que ela está com o braço partido, em estado grave, mas não tem mais ferimentos graves, ela vai ficar bem.
Corri para as urgências e fui contra Abby.
- O que é que estás aqui a fazer Mel!? Tens que ir para o teu quarto! Tens que descansar! Ainda estás muito fraca!
- Eu quero saber onde é que está Monie, já me senti bem pior que isto Abby.
Quando olhei bem para Abby, vi que ela estava de mão dada a Rick, o que não era normal, e tentei fazer um sorriso. Mas não o conseguia fazer, de todo.
- Ela está bem Melodie, não precisas de te preocupar.
- Mas tu ainda não percebeste que foi por minha culpa que Harmonie está na merda das urgências?
Rick e Abby olharam um para o outro e suspiraram, olharam para mim e suspiraram outra vez...
- Melodie, não vale a pena estares-te a preocupar agora com Harmonie, que provavelmente só vais voltar a falar com ela amanhã. Ela agora é dos médicos. Vai para o teu quarto e dorme. - Abby olhou-me intensamente, da maneira que eu odiava, fazendo-me virar costas e fugir dali para fora.
Ao entrar no meu quarto, desatei a chorar e enrosquei-me na cama rija do hospital. Não reparei quem estava lá, só me apetecia morrer!
Adormeci numa questão de minutos, acho que me tinham dado comprimidos para dormir, não costumo dormir assim tão "bem".
Quando acordei, desta vez sem dores de cabeça, finalmente! Levantei-me e espreguicei-me. Quando vi em redor, Stark estava no mesmo sitio onde eu o tinha deixado, pálido como o cal e muito desiludido.
Ele tinha ficado magoado com o que eu lhe tinha dito, com o que eu lhe tinha feito, com tudo... !
- Acordas-te...
Olhou-me com os seus grandes olhos azuis e tentou sorrir, mas não conseguiu.
Tentei mudar de tema, mas só fiz pior.
- Hum... Quantas horas dormi?
- Sei lá. Nem quero saber.
- Desculpa... Desculpa, desculpa, desculpa ! Não te queria magoar, nem sequer chamar tanso, mas tu não me dizias nada! E só fizeste pior porra!
Ele olhou-me de novo e olhou para o horizonte.
- 'Tá.
Ele estava magoado, ora bolas!
Dirigi-me até ele e peguei-lhe na mão, mas ele sacudiu-ma. Tentei pegar-lhe outra vez e ele aceitou, mas não olhou para mim.
Puxei-o para se levantar e, com a pouca força que tinha, consegui que ele se levantasse. Ele abraçou-me logo    , o que me fez ficar muito calma.
- Desculpa... - Disse ele, num tom muito amargurado.
Eu não queria admitir, mas acho que gostava dele. Mas eu não queria! Juro que não que...
- Depressa! A Harmonie já acordou! Ela já está bem! - Disse Abigail toda feliz!
Soltei logo Stark, mas ele segurou-me a mão e não a soltou, dando-me festinhas.
Fomos ter com Harmonie, que estava no quarto ao lado do meu, a falar com Johnny, toda sorridente, mas muito cansada.
Ela estava tão chateada comigo, eu sentia-o...
Quando viu que estávamos no quarto, quer dizer, quando viu que eu estava no quarto, o sorriso dela desvaneceu-se e olhou-me com um ar muito mau.
Toda a gente se calou, devido aquele "momento" e eu e ela éramos o centro das atenções.
- Desculpa Harmonie... Podes não me falar mais... Mas só quero que me perdoes e me compreendas... E desculpa o estado em que tu estás... Foi tudo por minha culpa...
Harmonie suspirou, e olhou de novo para mim.
- Esquece Melodie, já estou farta disto, fartíssima...
Fugi do quarto e corri para a rua, outra vez a chorar, mas desta vez Stark veio comigo. Não porque lhe pedi, mas sim porque ele quis.
Olhei para o reflexo do meu "eu". Uma Melodie de grandes olhos castanhos cansados, vermelhos de tanto chorar e cheios de olheiras, com um cabelo castanho grande e encaracoladamente fora do normal, e uns lábios carnudos descaídos, formando uma cara triste. Que era como eu estava e me sentia.
- Não era melhor ires vestir outra roupa Melodie? E íamos dar uma volta para tu espaireceres.
Olhei para Stark, e reparei que também ele estava cansado e com olhos vermelhos. Estaria ele estado a chorar? Também estava triste e preocupado. Mas tentava disfarçar, sorrindo-me.
- Sim, vou a casa trocar de roupa então, vens?
Ele não estava à espera desta proposta, pelo que sorriu mesmo com vontade e um pouco triunfante disse:
- Claro.


Depois de um banho calmo e um creme para olheiras, sentia-me um pouco melhor. Vesti uns calções pretos com uma t-shirt amarela, tudo escolhido "ao calhas" e apressei-me para a sala, onde estava Stark.
- Estou pronta... Vamos?
Ele acenou e levantou-se. Saí-mos de casa e passeamos até ao jardim.
Estava tudo calmo e o ar do jardim estava a fazer-me bem e a fazer-me esquecer de tudo o que se tinha passado hoje.
Stark e eu vimos juntos o pôr do sol e ele levou-me a casa.
Ao deitar-me na cama, adormeci por completo.


" Miauuu, miiaaauuuu"
Porra, mas que barulheira infernal! Mas que raio seria isto?
" Miauuu"
Levantei-me de rompante e fui espreitar a janela, era um gatinho! E estava perdido!
Abri a janela e chamei-o.
- Bichaninho, anda cá!
Ele veio e ronronou, estava conquistado! Peguei-o ao colo e fiz-lhe festinhas.
O motor do ronron não parava e eu estava cada vez mais apaixonada pelo bicho.
- Vais-te chamar Merciful! Pode ser?
O gatinho miou, como se tivesse dito sim e lambeu-me a cara.
Passei a manhã, agora já acompanhada pelo meu novo companheiro, a aprecia-lo.


Era sábado e tinha combinado com Adam que ia-mos limpar a casa dos meus pais, já lá não entrava desde que... Pronto...
Estava um calor abrasador, já não tanto como o do Verão, mais ainda apetecia ir tomar banhos de mangueira. Vesti então umas calças e uma t-shirt práticas e não muito quentes.
Ao chegar ao portão da minha antiga casa, ouvi o som de uma guitarra acústica, a tocar uma música minha conhecida.
- ... I'm Still loving you!...
Nunca tinha reparado, mas Adam cantava graciosamente bem! E conhecia a voz dele lá ao longe.
- Essa era a nossa música! - Disse, cheia de saudades do meu melhor amigo.
- Era e é Melodie! - Olhou para mim e sorriu. - Estava cheio de saudades tuas! - Pousou a guitarra no chão, ( pobrezinha!) e abraçou-me.
Já sentia saudades do cheiro familiar dele, dos braços dele a enrolarem-me a cintura e o sorriso admirável dele.
- E eu tuas, puto!
Ele riu-se e largou-me, deu-me as mãos e reparou no meu pulso. O sorriso dele desvaneceu-se, passando a ficar com uma cara séria. Olhou para mim.
- O que raio andas-te a fazer Melodie!?
Olhei para o lado e respirei fundo.
- Melodie? O que é que a Abby e a Monie disseram disto?!
- A Monie foi atropelada... Por causa disto...
- O quê!? Ela está bem!? Oh meu deus!
- Sim... Está viva e só partiu a perna... - Comecei a chorar descontroladamente mas ele abraçou-me.
- Oh pequenina... Não chores, ela vai-te perdoar... A sério!
Limpei as lágrimas e comecei a dirigir-me para a porta de entrada da casa. Aquele cheiro... Fazia-me lembrar tudo o que eu tinha perdido. Tudo o que me fazia realmente feliz! Tentei esquecer-me das coisas más e entrei em casa.
- Adam? Não entras?
Ele tossicou. - Si.. Sim! - Veio a correr e entrou também em casa.
Começá-mos por limpar a cozinha, depois a sala de estar e por fim os quartos. Claro que com Adam não podia fazer tudo certo. Ou seja, fizemos lutas e mais lutas. Luta de água, luta de almofadas...
Levei milhentas recordações de lá de casa, fotos, echarpes, brincos, pulseiras da minha mãe, roupas antigas minhas, toda a minha colecção de alll star e até a minha maquilhagem antiga. Meti tudo na mochila e sai de casa. Esqueci o passado todo e peguei na mão de Adam.


" Já estamos em casa, a Monie está melhor e já não está tão chateada contigo " .
Ao ler aquela mensagem, o peso no meu coração desvaneceu-se um pouco e fez com que consegui-se sorrir. Logo após ter arrumado o telemóvel, recebi outra mensagem.
" Ah, e o Stark está farto de perguntar onde andas. Onde andas?"
Respondi-lhe. "vim a casa dos meus pais mais Adam. Estou a recordar velhos tempos. Não lhe digas onde ando."
"ok"
Arrumei o telemóvel na mala e olhei para Adam. Estava com a sua cara de pensador, o que me despertava curiosidade.
- Em que é que estás a pensar?
- Numa surpresa que te vou fazer, segue-me.
Adam começou a dirigir-se à minha frente e fez com que eu corresse para acompanhar o seu passo, ele tinha crescido! Apenas os seus olhos castanhos se mantinham iguais, o cabelo estava mais curto mas um pouco encaracolado e os lábios estavam mais finos. Ele estava um borracho!
Quando chegámos, reparei que estávamos na praia, um sítio que era muito frequentado por nós, antigamente. Adam sentou-se numa rocha e pegou na sua guitarra.
- Acompanhas-me, Melodie?
Sorri e sentei-me também.
- Que música vamos cantar ?
- Adivinha. - Piscou-me o olho e começou a enamorar as cordas, que o obedeceram, apaixonadas, dando uma melodia bela.
Não conhecia aquela música, mas a letra tocava-me no coração, fazendo-me ficar com borboletas na barriga.
Estava tão feliz que me deu vontade de o abraçar, e assim o fiz. Rimo-nos um do outro e recordámos desastres nossos naquela praia, o jogos que fazia-mos, as asneiras que cometia-mos...
Estive-mos assim até o sol ficar mais vermelho, antes de se pôr. A minha casa ainda ficava longe da praia, e ir sozinha para casa à noite, não era muita boa ideia.
- Bem, está na hora Adam, tenho que ir para casa...
- Posso-te acompanhar? - Fez beicinho, coisa que eu não suportava que ele fizesse.
- Vá... Anda lá...
Ele riu-se e fez sons de vitorioso, cromo como sempre.


Estivemos calados durante a viagem até casa, e como já estávamos mesmo a chegar, não sabíamos o que dizer um ao outro, coisa que nunca acontecia... Então comecei a pensar em coisas estúpidas para lhe perguntar.
- Então, e quem é agora a menina que andas babadinho?
Ele sorriu e olhou para a paisagem.
- Sabes, desde que foste para a escola de música, que mudei imenso. Já não tenho namorada desde a última vez que nos vimos. Acho que encontrei o meu verdadeiro amor.
- O quê!? Aii! Que bom! Quem é??
Ele parou e olhou para mim. Pegou nas minhas mãos e sorriu.
"Oh não", pensei.
- Adivinha.
Num ápice, Adam encostou os seus lábios nos meus e beijou-me. Desde pequenino que ele queria fazer isto. Desde pequenino que ele gostava de mim... Eu sabia-o e ele já mo tinha dito imensas vezes.
Foi um beijo duradouro e tão.. Bom...
Por fim, abracei Adam e ele deu-me um beijo na testa.
Ao separar-me dele, vi Stark à porta de casa. A olhar para mim, já com lágrimas nos olhos.
Oh não! Que estúpida que eu era!
- Adeus Adam... Falamos por mensagens.
Corri para dentro de casa e enfiei-me no meu quarto.
Porque é que por onde eu passa-se, só fazia asneira!?


                                            *M

quarta-feira, 6 de abril de 2011

I Hate You

"Friday I'm in Love.."

Aaaaah...finalmente chegou sexta-feira! Sim, com a Mel a armar-se em croma e a acordar-me com panelas.. 
Por um lado foi bom, porque me tinha esquecido que estava a dormir encostada a Rick. Não tive tempo tempo suficiente para tomar banho, pois íamos perdendo o autocarro mais uma vez.
- Dormiste bem?- pergunta-me Rick, assim que chegámos à paragem.
- Sim, dormi. Mas podia ter dormido melhor! Estou cheia de dores nas costas..- queixei-me.
-Oh não deve ser assim tão mau! Eu é que apanhei com o teu peso todo!
- Até parece que não gostaste! Se calhar, já esperavas este momento há bastantes dias.- Rick calou-se e eu não quis argumentar mais com ele. Já me tinha animado a manhã!

O dia estava quente, ainda com o nevoeiro habitual, e as pessoas estavam com uma disposição mais alegre. Rick esteve a falar comigo durante a viagem de autocarro, porém só reparava no ar de solidão que Mel carregava enquanto ouvia música.

A aula de acústica passou com imensos trabalhos e matéria para estudar durante 3 semanas até ao nosso primeiro teste..mas passou!
-Hey, queres ir até lá fora? O sol já apareceu e está um calor brutal!- Rick estava em pulgas para ir até àquele sol que tantos londrinos esperavam sentir na cara.
-Ok! Vou só até ao cacifo e vou já ter contigo! 2 minutos..- subi as escadas até ao meu cacifo e vi o rapaz que me deu aquele papel a passar por mim a alta velocidade..
-Hey! Não tens mais nada que fazer a não ser correr..
-Desculpa... fo..foi sem querer!- o rapazito lá continuou a num passo apressado a descer as escadas.
Ao abrir o cacifo, caiu um pequeno papel no chão. "Aquele rapaz... Hei-de apanhá-lo, pregá-lo o maior susto de sempre até ele me dizer quem é o autor!". Pousei os livros, peguei na minha mala e fechei com bastante força a porta do cacifo..
Enquanto me dirigia para o jardim, lia a porcaria do papel:
"Não podes ficar com ele. Tu odeia-lo!"
Mas que cena é esta.. O meu humor mudou de "óptima" para "não estou para aturar gente estúpida", ainda assim, não desisti de ir ter com ele.
-Estás atrasada!- Rick não deve ter visto a minha mudança de humor.
-Não comeces a estupidificar! Não estou para aturar gente estúpida...- Rick olha-me nos olhos..
-Ok, desculpa! O que se passa? Posso saber?
-É um gajo que me anda a mandar papelinhos através de um puto que tem medo de mim.. bem, pelo menos parece! E mandou-me um tão estúpido..
-Deixa ver!- arrancou-me o papel da mão e leu. Depois olhou para mim espantado.
-Que foi?!  
-Tu odeias-me?
-O que?! 'Tas a gozar certo?
-Responde! Tu odeias-me?- Rick parecia chocado com o que acabou de ler.
-Queres saber a verdade? Sim, ODEIO-TE! Odeio-te por me fazeres rir, chorar, cantar e ter uma tarde bem passada. Odeio-te pelas noites que estragas quando vens ter comigo ao telhado e passamos a noite a falar. Odeio-te porque existes e, principalmente, ODEIO-TE por me fazeres amar tanto!- não consegui encarar a cara dele em relação ao que disse e comecei a correr pelo jardim a fundo, longe de tudo e todos.
- ABBY ESPERA!- Rick corria atrás de mim e, sendo obviamente mais rápido que eu, parei ainda de costas para ele.
- Que queres?- não ouvi nada a não ser a sua respiração pouco ofegante. E, de costas para ele, continuava sem coragem de mostrar a minha cara coberta de lágrimas.
- Olha para mim!- não obedeci.
-ABBY OLHA PARA MIM! - Rick estava cansado e a sua voz soava a desespero.
Lentamente, fui-me virando, mostrando a minha cara húmida e ainda a chorar até ficarmos frente-a-frente, olhando nos olhos um do outro.
Os seus olhos mostravam que a próxima coisa que diria seria tão honesto como o que eu lhe tinha dito, a sua expressão era de preocupação e não de ódio.

-Eu também te odeio! Pões-me a cabeça em água quando me respondes mal ou simplesmente me ignoras. Odeio o facto de ir ter contigo todas as noites e querer beijar-te e não o fazer com medo que me odeies ainda mais. Abby, eu nunca conheci uma rapariga como tu! E odeio-me só porque tenho medo de te ficar sem ti..- Aproximei-me de Rick e toquei-lhe levemente na face antes de ele me abraçar com tanta força que quase ficava sem ar.

O momento estava a ser absolutamente perfeito até o telemóvel o ter estragado completamente. Era Harmonie:
-Abby, a Mel foi parar ao hospital, vais lá ter ou vens agora conosco?
-Oh meu Deus! Ela está bem?! É óbvio que vou agora! Vai ter à entrada!- Desliguei e corri para a entrada..
-Abby, o que se passa?- Rick corria atrás de mim sem saber o que se estava a passar.
- A MEL ESTÁ NO HOSPITAL!! VENS?!

Rick continuou a correr e quando chegou à entrada, arranjámos uma maneira de chegar ao hospital e, com a ajuda dos rapazes, conseguimos persuadir a enfermeira a deixar-nos ir à sala dela.
Harmonie estava irritada e não saiu enquanto não gritou tudo. Melodie estava um caco e a última coisa que precisava era de uma discussão com Harmonie.
- Sentes melhor…das feridas? Aquilo com a Monie vai lhe passar, vais ver!- tentei confortá-la.
-Foi um pouco fundo e corri o risco de perder mais sangue do que perdi se não fosse o… o Stark?! Onde é que está o Stark?- Mel começava a entrar em pânico e eu não sabia o que dizer!
- Calma Melodie! Eu vou procurá-lo ok? Descansa um pouco que quando acordares ele vai estar aqui.
-Abby, eu não quero descansar! Eu quero saber do Stark! Onde é que ele está?!
- Mel acalma-te! Eu vou procurá-lo- assim que saí da sala, Stark veio contra mim completamente assustado.
-Stark, ia agora à tua procura! A Mel precisa de..
-Abby, a Monie foi atropelada e já está a ser socorrida! Vai ter com ela, que eu vou acalmar a Mel.
-Oh meu Deus!! Por favor, não contes à Mel pelo menos agora que ela está stressada! Deixa-a acalmar antes que..
-Vai! Eu trato dela..- após aquelas palavras corri para a entrada do hospital, onde estava já Rick, à espera que a ambulância de Monie chegasse.
Mal me viu, Rick abraçou-me o que fez com que todas as lágrimas contidas até então saíssem tão depressa que mais respirava.
-Sssshh.. Calma! Vai tudo correr bem… O John está em completo stress, é melhor irmos ter com ele! Não chores por favor..
Enquanto ele me abraçava, um grande alvoroço rompe com o silêncio da entrada. Era Monie, que se encontrava inconsciente e com a cara coberta de sangue! De seguida, veio ter uma médica connosco dar-nos informações sobre o estado de Harmonie:
-Bem, o ferimento mais grave que ela tem é na perna direita! Com a pancada, ela torceu o braço e talvez o tenha partido realmente! De resto tem ferimentos ligeiros na cara, braços e no tronco, mas vai sobreviver..- respirei fundo e abracei os rapazes com toda a minha força.
Com isto tudo chegaram as 18h da tarde e nenhum de nós tinha almoçado com estes impasses todos, por isso fomos ao bar comer alguma coisa e ver se John já podia ir ver Monie.
Passados 10 minutos de espera, Harmonie encontrou-se estável e John foi o primeiro a entrar na sala, deixando-me sozinha com Rick.
-Queres ir até lá fora? Estou farta deste ambiente!- perguntei agora mais confiante de tudo o que se estava a passar entre nós.
A noite já reinava naquela sexta feira, mas conseguia-se ver as estrelas que sempre são boa companhia no jardim do hospital.
-Sabes, eu quero lá saber do papel que recebeste! Eu amo-te e quero ficar contigo!- Rick olhava para mim como se estivesse enfeitiçado..
- O que é que fumaste?! Em vez de estares para aí a declarares-te já me terias beijado há muito tempo!- dito isto, agarrei a sua cara com as minhas mãos e beijei-o..
Aaaaah...finalmente chegou sexta-feira!
*A
Londres, 10 de Setembro de 2010

"Disappointed"

 A noite foi complicada (tendo em conta que John não saía da minha cabeça), pois não consegui completar as minhas 8 horas de descanso, o que me fez levantar mais cedo do que o normal.
Olhei para o relógio e reparei que marcava as 7 da manhã. Aquilo era bastante cedo, para quem só tinha aulas às 9 e meia. Porém, decidi levantar o cu da cama e dirigir-me à sala para ouvir um bocadinho de rádio, coisa que não fazia há uns bons anos atrás. Após uns minutos, enquanto ouvia "Price tag - Jessie J" ( Sim, eu também aprecio musica pop xD), alguém tocou à campainha.


- Trouxe o pequeno-almoço! Espero que não te importes de ter vindo tão cedo... - disse Johnny, mal abri a porta. O meu coração começou aos pulos e os nervos estavam em alta. Ai Deus, ele é TÃO BOM !


- Claro que não me importo! Entra, e põe as coisas na mesa. Que é que trouxeste para pequeno-almoço?


- Uns belos crepes de chocolate, acabadinhos de fazer pela minha mãe. Acho que vocês vão gostar.
- Huuum, CREPES! Há tanto tempo que não como uns belos crepes... - exclamei, completamente desejosa de os comer.
- Onde estão elas?
- Aah, elas ainda estão a dormir, mas acho que não vale a pena esperar... Já sabes como é que elas são ! Umas belas dorminhocas!
- Ahahah, então comecemos sem elas - disse Johnny, dirigindo-se à cozinha. Pusemos a mesa, sentámo-nos e começámos a falar das nossas músicas favoritas dos Muse (visto que tínhamos esse gosto em comum) enquanto comíamos.


Uma hora passou e Melodie apareceu por lá para beber o seu café da manhã , com uma felicidade fingida ( parecia-me). Há dias que ela andava assim. Começava a desconfiar que seria por causa do Gabriel, razão pela qual já tinha falado com ele. Espero que ela não tenha tido mais daquelas paixonetas que a faziam ficar miserável... Mais tarde, após a Melodie os chamar, Abigal e para minha surpresa Rick apareceram para se juntarem a nós.


- Ricky? Que estás aqui a fazer?
- Hey Harmonie! Não me chames Ricky.. por favor! É vergonhoso. E respondendo à tua pergunta...
- Ele passou cá a noite. Tivemos a fazer um trabalho - respondeu Abigail, interrompendo-o.
- Desde quando é que dormir no sofá abraçados conta como um trabalho? - disse Melodie, atrevida, indo de seguida gamar-me umas pastilhas de mentol. Abigail corou.
- Ah, estou a ver! O amor está no ar!
- Cala-te Harmonie! - exclamou Abigail, que já não estava a gostar da conversa.
- Pronto eu calo-me!
- E já agora, explica-me lá porque é que o Johnny também aqui está!
- Ele apenas veio cá a casa para nos entregar o pequeno-almoço - respondi
- Eh lá! CREPES! Toca a comer! - exclamou Abigail, que era a mais comilona de todas.


O dia passara muito rápido. As aulas tinham corrido bastante bem, tirando a parte em que recebi o teste de formação musical. 15, 2! Ninguém tira 15, 2 ! Que nota miserável! Mas pronto, ninguém morre por isso.


Enquanto arrumava as coisas no cacifo e me preparava para ir para casa, Stark apareceu a correr que nem uma chita e a berrar:
- ELA FOI PARA O HOSPITAL! RÁPIDO RÁPIDO! VEM COMIGO!
- Que se passou?! Quem é que foi para o hospital?!
- NÃO HÁ TEMPO PARA EXPLICAR! VEM COMIGO, JÁ! - berrou ainda mais, obrigando-me a correr até ao hospital. Mas quem será que tinha ido para o hospital? Seria a Melodie?! 
- Oh não! Melodie! Prometeste que nunca mais o voltavas a fazer! - gritei para ela, quando reparei nos cortes dos seus braços.
- Desculpa, mas não aguentei...
- Achas bem o que fizeste!? Já viste a m**da que fizeste?! Adeus! - disse, furiosa. Já era a 5ª vez que ela vinha parar ao hospital e eu já começava a ficar farta. Não aguentava ficar ali durante muito mais tempo.


- Vou-me embora. Pensa bem no que fizeste Melodie. 
- Desculpa! Por favor, NÃO VÁS!


- Adeus - disse, dirigindo-me à saída do hospital. Parva parva parva! És uma parva Melodie dizia, enquanto passava a passadeira,sem olhar sequer para a cor do semáforo. Foi, de súbito, quando ouvi um monte de ruído a vir directo a mim.. Olhei para o meu lado direito e vi que vinha um carro de encontro a mim, sem intenções de parar. 
Senti o meu corpo imóvel no meio da passadeira, ouvindo entre buzinas e gritos o bater descompassado do meu coração a desvanecer enquanto era abalroada por um monte de lata azul.

H*