Na minha cabeça reinava a pergunta 'porque não', e a ordem 'não podes deixar acontecer' .
- Stark... Acorda, por favor. - Disse, num tom amedrontado, no meio da noite escura e sem estrelas no céu. Hoje o telhado era nosso.
Stark levantou-se de imediato e acariciou-me a cara.
-Que se passa, fofa ? Tens frio ? - Disse-me , preparando para tirar a sua camisola, para eu a vestir , caso tivesse frio.
- Não, obrigada... - Ele desobedeceu-me, fazendo-me vestir a sua camisola. - Eu ainda não decidi Stark... Eu não tenho possibilidades de criar esta criança... Para além disso, ainda sou muito nova... Só tenho 18 anos ! Para uma carreira musical, isto estraga tudo ... ! Mas ao mesmo tempo... Eu amo tanto este pequeno ser que está dentro de mim, que é a união perfeita do nosso amor... - Não aguentei mais, abraçando-me a Stark e chorando, novamente, como uma criança.
- Calma Princesa... Isso são coisas que tens que decidir de dia , com os pensamentos todos certos, e não meia ensonada... Isso só piora as coisas.. Agora vamos para o teu quarto, que está lá mais.quentinho, sim ? Não quero que te constipes..
Stark pegou-me ao colo, comigo ainda a fazer borrinha, abraçada a ele e gemendo de medo.
Ao chegarmos ao quarto, Stark deitou-me na cama r deitou-se imediatamente ao meu lado, cobrindo-nos com três ou quatro mantas quentinhas. Entretanto adormeci, pelo que não faço a mínima ideia do que aconteceu depois...
-... Não Johnny! Isso não basta para responder à minha pergunta!! E enquanto não responderes, não falo contigo! Basta !
- Calem-se por favor! - Gritei para quem estivesse a fazer aquele berreiro todo.
Senti a porta do meu quarto a abrir-se, e de olhos fechados ainda, destapei-me e levantei-me calmamente. Quando abri os olhos, Harmonie estava à minha frente, de olhos vermelhos, e a cara cheia de lágrimas.
-O que aconteceu??
Monie limitou-se a empurrar-me para a cama e tapar-me de novo com os cobertores.
-Nao te metas nos assuntos das outras pessoas ! Acho que já tens problemas que cheguem para ti resolveres! -Saiu de novo do meu quarto, batendo com a porta da entrada segundos depois... Ouvindo-se de novo a porta a abrir e a fechar. Abby correu para o meu quarto, para verificar se estava tudo OK.
- Não me perguntes, também só acordei agora..! Estás bem ?
- Sim - respondi, ainda meio chocada. - O Stark?
- Não sei,mas provavelmente tu podes saber, caso ainda mão tenhas reparado, ao lado do teu buffet luxuoso, que o teu querido namorado te fez, suponho eu, está um bilhete!
Olhei para o lado e vi um tabuleiro cheio de comida magníficmente apetitosa, e, tal como Monie havia referido, um bilhete estava no meio de um rosa vermelha.
" Mel, volto logo, fui resolver uns assuntos... Amo-te"
Levantei-me de novo da cama e massagei a barriga... Já começava a sentir-me diferente... O que ia fazer ?
- Vá Mel, vamos tomar o pequeno almoço... - Abby ainda estava no meu quarto, coisa que não tinha reparado, tem andado tão calada...
- Sim.. - Juntei-me a ela dei-lhe a mão. - Dormiste bem, pequena?
-Pequena? Unf, só tenho um mês de diferença... Espera!! - Abby parou de imediato e levou a mão à testa, dando uma chapada a si própria -

- Não te preocupes , porque festas é o que eu menos preciso... Mas obrigada, querida...
- Não é bem assim! Este dia tem que ser comemorado! Fazes 19 anos!!!
- Por favor, não faças nada... O que eu menos quero é chamar à atenção... E isso foi o que fiz nestes últimos dias...
Abby suspirou e fez uma cara de quem compreendia o que era dar nas vistas sem querer. - Está bem querida... Bem, vou-te deixar sozinha a descansar... Não penses agora nisso. Descansa.
- Não chames "isso" ao meu bebé.
- Não te apegues a isso, por favor.
Abigail saiu do meu quarto e, pelos passos calculei que se dirigia para as escadas, mas, não foi, porque a campainha tocou.
Ela parou e dirigiu-se para a porta de entrada.
- Eu acho que não é a melhor altura de vires cá, por favor vai-te embora, ela está a descansar.
- Eu já sei de tudo, deixa-me falar com ela, eu não a chateio...
Adam!
Levantei-me e corri para a porta do quarto, espreitei e lá estava ele. Com o casaco do preto, o usual, com as jeans azuis e as ALL STAR pretas.
Ele reparou em mim, pois os seus olhos passaram de opacos a brilhantes como diamantes puros e dos seus lábios vi um sorriso feliz.
- Mel...
Fugi para a cama, tapando-me com os lençóis. Eu não podia falar com ele, era perigoso!
Ouvi Abby a contestar que eu não queria falar com ele, mas ele insistia. A voz dele começou a ficar mais perto do meu quarto.
- Melodie, eu tenho que te dizer uma coisa, e é urgente.
Dei um grande suspiro e destapei-me. Sentei-me na cama e olhei para ele.
- Hum.. - Olhou para Abigail, que respondeu ao seu olhar.
- Já percebi... Tem cuidado, se eu ouvir uma voz mais forte, meto-te no olho da rua, percebes-te?
- Sim "mamã" - retorquiu Adam.
Abby saiu e ele fechou a porta do quarto. Dirigiu-se até à minha cama e sentou-se no fundo dela.
O meu olhar tentava evitar o dele, que estava fixo em mim, mas... Não conseguia, era mais forte do que eu.
- Mel... Eu já sei que tu estás... grávida.
- Quem te contou?
- O Noah... Desculpa por parte dele... Ele estava muito aflito e não conseguiu aguentar...
- Como raio tu conheces o Noah?!
Ele deu uma pequena gargalhada. - Não te esqueças que eu também sou primo da Cassie.
Burra que eu era... Claro que era por causa da Cassandra... Já me tinha esquecido o porquê de eu e o Adam termos ficado tão amigos.
Cassie não era minha prima direita, nem sequer primas somos, mas os meus pais davam-se muito bem com os dela, eram quase como irmãos, e tinham sido eles que me tinham acolhido quando os meus pais... morreram.
- Certo...
- E eu e ele vivemos no mesmo apartamento agora.
Fez-se silêncio.
Mas claro, algo o tinha que quebrar, e por azar o meu, tinha que ser uma enorme vontade de vomitar. Corri até à casa de banho e bem... Nem penso o resto.
Adam correu para junto de mim para me socorrer. Depois de eu puxar o autoclismo, abraçou-me, e juro que algo dentro de mim mudou. Aquele abraço tinha sido dos melhores abraços que tinha recebido em toda a minha vida e soube mesmo bem.
- Melodie... - Recompus-me e larguei-o, não lhe podia dar muita confiança.
Tossi. Peguei na pasta de dentes, escova de dentes e comecei a lavar os dentes. - Sim...?
- Achas que o bebé é... meu ?
Olhei para ele, e, sem conseguir dizer nada, encolhi os ombros. virando-me de novo para o lavatório e cuspindo a pasta de dentes.
- Por favor, responde-me. E tu já foste a um médico?
- Por favor Adam, não me faças falar nisto.
- Mas porra. eu quero saber! Tenho todo o direito de saber! Não é? Por acaso fui eu que disse que queria fazer amor contigo? Que eu saiba foste tu que deste o passo a seguir! Tu é que estavas possuída naquele dia! A culpa não é minha!
- Cala-te, por favor cala-te. - Dirigi-me de novo para a cama, tentando manter a calma. Deitei-me de barriga para cima e comecei a respirar fundo.
Mas Adam não desistiu. - Não me calo, Melodie! Exijo saber se fui eu ou não.
- De que interessa, Adam? Se fosse teu, fazia alguma diferença? Tu ainda és um miúdo que nem de ti sabes tomar conta. - Disse-lhe, muito calma.
- Mas tu estás parva? Já viste o que estás a dizer? Tu não eras assim, Melodie! Desde que começas-te a namorar com aquele retardado, ficas-te uma mimada! Pensas que é tudo como tu queres? Não pode ser assim!
Levantei-me da cama e pus-me à frente dele. - Eu é que mudei?! Ou foste tu que nunca cresceste!? Desde pequena que gostava de ti, sabes bem disso, sabias! Mas magoavas-me sempre com o que dizias e fazias! Agora não posso ter um namorado, que tu ficas assim? Sim, aquilo que fiz contigo, eu estava possuída, pois não sei onde tinha a cabeça para ter feito uma coisa tão errada com alguém que é um covarde! Vai-te embora, nunca mais te quero ver!
- Ah, não vou não, isto não fica assim! Se esse bebé é meu, pois nunca te vou ajudar em nada! Adeus, Melodie! - Adam saiu do quarto, batendo com a porta de entrada.
Ainda não tinham passados sequer 20 segundos, quando corro para a porta de entrada, a chorar.
- Adam, espera, por favor! - comecei a descer as escadas do prédio com tanta velocidade quanto a de uma bicicleta. - Por favor, espera por mim! - Cansada, e tonta, tropecei nos meus pés, caindo. Não sei quantas escadas desci aos trambolhões. Só sei que quando consegui estabilizar, perdi a noção de tudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário