Não conseguia dizer nada, Abby estava a centímetros de perder a sua vida para sempre, e tudo o que eu conseguia fazer era chorar compulsivamente por ódio e tristeza.
Harmonie, pegou sorrateiramente no telemóvel e ligou para o 112, também a chorar, lá tentou chamar ajuda.
Ajoelhou-se também e abraçou-me, agarrei-a com tanta força que de certeza que ela ia ficar com negras.
- Por favor, protege-a. - disse-me. A minha garganta estava com um nó tão gigante que mal conseguia respirar.
Abigail chorava e balançava o corpo para a frente, murmurado "eu não sirvo para nada, eu não sirvo para nada".
No meio de tanta emoção ouviu-se lá ao fundo o som de ambulâncias.
Finalmente.
Em menos de dez minutos, Abigail já estava cercada de bombeiros e enfermeiros, encaminhando-a para a ambulância.
Harmonie continuava abraçada a mim, junto ao banco do telhado, como poderia estar a acontecer aquilo? Como é que chegamos a este ponto?
Um senhor de meia idade, enfermeiro, avistou-nos e veio ter connosco.
Um senhor de meia idade, enfermeiro, avistou-nos e veio ter connosco.
- Meninas, estão bem? A vossa amiga não está muito bem e vamos levá-la para o hospital. Vocês estão mal também, talvez o melhor é irem também.
Mais hospitais não, por favor.
- Monie, eu fico.
- Ok... Eu acompanho-o, até porque depois a Abby precisa de ajuda de volta a casa. Eu estou bem, vai para a cama e descansa, assim que tudo estiver resolvido, nós voltamos.
Levantei-medo sofá e, melancolicamente, segui para as escadas que davam acesso ao apartamento.
O ambiente estava de cortar a respiração, ouvia-se choros miudinhos e suspiros pelos cantos da casa. Via-se uma Cassie e um Noah aterrados com o que tinha acontecido e o Johnny muito preocupado.
Fiz-me de forte e forcei para não me saírem lágrimas enquanto falava:
- Por hoje já acabou a telenovela meninos, por isso recomponham-se e voltem às vossas vidas que eu volto à minha.
Dirigi-me num passo mais apressado até ao meu quarto, e só depois de ouvir o trinco de todas as portas fecharem, é que o mundo desabou.
Acordei com a cara toda molhada, e com a cama repleta de lenços de papel ranhosos.
"Mas para que é que acordei?"
É sempre bom ter disposição para enfrentar um novo dia.
Levantei-me, sonolenta, e abri a porta do quarto. Parei por uns segundos e reparei na bizarra que alguma vez tinha acontecido naquela casa.
Estava tudo silencioso.
Dirigi-me para a cozinha, talvez hoje os meus dotes culinários não estivessem bizarros, como a casa, e conseguisse cozinhar algo decente.
Ao passar pela sala, reparei que o silencio não se devia ao facto de não estar ninguém em casa, por estavam todos enfiados na sala, mudos e paralíticos, pobres coitados.
Harmonie e Johnny, abraçados e acariciando-se um ao outro para compensar a falta de amor que havia nesta casa, Cassie e Noah, discretamente de mão dada a ver Spongebob na TV muda , Abigail no parapeito da janela a olhar no vazio e Stark, que olhou logo para mim.
NÃO!
Corri de imediato para o quarto, mas antes que me conseguisse trancar lá dentro, Stark já estava a empurrar a porta, implorando que eu a abrisse.
- Por favor, vamos conversar! Mel, por favor!
A voz dele, a voz dele criava-me um nó na garganta tão grande que só me apetecia partir tudo o que houvesse de vidro naquela casa, e mandar tudo contra ele.
Levei-o à ignorância, conseguindo trancar a porta e não lhe respondendo.
Talvez Abigail estivesse correcta, porque raio andava eu a portar-me assim? Sempre na galderice, e sem estudo nenhum no clarinete. No que é que me tinha transformado? Eu que era daquele grupo de alunos em que se concentrava nos estudos para obter boas notas. Eu que andava sempre a competir para tirar melhores notas que Monie. Agora nem sequer ia às aulas, nem sequer sabia onde havia deixado o meu clarinete.
- Isto não pode continuar assim.
Destranquei a porta, Stark sorriu, pensando que me havia conquistado de novo, mas percebeu logo que não quando o olhei nos olhos.
- Entra e senta-te, enquanto eu vou chamar a Abigail e vamos conversar os três.
Stark fez de cão mandando e fui logo buscá-la. Ela não foi capaz de olhar para mim, e Stark pouco também.
- Já que agora têm tanta vergonha de falar agora e de exprimirem os vossos sentimentos, falo eu. Pelos vistos, a única que têm o juízo assente é a Harmonie, que está a conseguir prosseguir um sonho que era partilhado por nós as três, Abigail. E acredito que ela irá ser uma música profissional talentosa, com o empenho e dedicação que ela faz por ter. E ao mesmo tempo, ela consegue coordenar toda esta casa, e ainda consegue tomar conta de nós. Eu sei que estes últimos tempos tenho andado muito perdida, mas talvez porque uma das minhas melhores amigas não me conseguia apoiar porque estava também desamparada. Pois, porque tu também não andas bem desde o início do ano letivo, quer dizer, tu já não andas bem desde que te tornaste uma adolescente típica do século vinte e um, mimada e com a mania que és rebelde. Ontem disseste-me que eu também estava assim, se calhar fiz mal em seguir os teus exemplos, Abigail. Mas agora estou sobre aviso, para a próxima não vou voltar a repetir.
Abigail estava estática, e a única coisa que lhe movia na face eram as lágrimas a escorrerem-lhe pelos olhos.
- Agora tu, Stark. - este estremeceu, sabendo que iria ser ainda mais fria com ele. - Eu sei que me portei muito mal contigo, nunca te devia ter traído com o Adam. Mas acho que a coisa mais imbecil que se pode fazer é pagar na mesma moeda! E para que saibas, se hoje eu não tivesse caído das escadas a baixo, traria no ventre um filho que era obra minha e tua, pois foi contigo que perdi a minha virgindade e era contigo que tencionava ter um grande futuro e feliz. Mas como namorado, a tua obrigação desde o início da minha turbulência era apoiares-me e abrires-me os olhos, para que eu pudesse seguir em frente como uma pessoa civilizada! Pois, porque com isto tudo nos parecemos uma cambada de macacos, que a única coisa que nos falta é saber pensar! E acho que o que tu fizeste, foi tudo menos pensar em mim e em nós, porque em ti pensaste, e bastante, para seres tão invejoso como és e traíres-me com a minha melhor amiga! Bem, prefiro não continuar se não estávamos aqui o dia todo. Aqui encerro a conversa e a nossa relação, Stark. Abigail, já sabes que desceste muito na minha consideração, e muito dificilmente vais recuperá-la.
Levantei-me da cadeira onde estava sentada e dirigi-me para a sala.
- Boa tarde a todos, peço imensa desculpa pelo horror que se sucedeu ontem.
Ficaram todos pasmados a olhar para mim, e, com a pouca paciência que tinha, virei costas e fui para o quarto de Monie que tinha tudo aquilo que eu precisava...por agora.
Sentei-me na secretária e peguei num caderno.

"Planos: Mudar de casa.
Ir à escola.
Ser feliz. "
Depois, calmamente, levantei-me e fui buscar a mala de viagem que estava por cima do guarda-roupa.
Quanto mais cedo, melhor.
*M
Mais hospitais não, por favor.
- Monie, eu fico.
- Ok... Eu acompanho-o, até porque depois a Abby precisa de ajuda de volta a casa. Eu estou bem, vai para a cama e descansa, assim que tudo estiver resolvido, nós voltamos.
Levantei-medo sofá e, melancolicamente, segui para as escadas que davam acesso ao apartamento.
O ambiente estava de cortar a respiração, ouvia-se choros miudinhos e suspiros pelos cantos da casa. Via-se uma Cassie e um Noah aterrados com o que tinha acontecido e o Johnny muito preocupado.
Fiz-me de forte e forcei para não me saírem lágrimas enquanto falava:
- Por hoje já acabou a telenovela meninos, por isso recomponham-se e voltem às vossas vidas que eu volto à minha.

Acordei com a cara toda molhada, e com a cama repleta de lenços de papel ranhosos.
"Mas para que é que acordei?"
É sempre bom ter disposição para enfrentar um novo dia.
Levantei-me, sonolenta, e abri a porta do quarto. Parei por uns segundos e reparei na bizarra que alguma vez tinha acontecido naquela casa.
Estava tudo silencioso.
Dirigi-me para a cozinha, talvez hoje os meus dotes culinários não estivessem bizarros, como a casa, e conseguisse cozinhar algo decente.
Ao passar pela sala, reparei que o silencio não se devia ao facto de não estar ninguém em casa, por estavam todos enfiados na sala, mudos e paralíticos, pobres coitados.
Harmonie e Johnny, abraçados e acariciando-se um ao outro para compensar a falta de amor que havia nesta casa, Cassie e Noah, discretamente de mão dada a ver Spongebob na TV muda , Abigail no parapeito da janela a olhar no vazio e Stark, que olhou logo para mim.
NÃO!
Corri de imediato para o quarto, mas antes que me conseguisse trancar lá dentro, Stark já estava a empurrar a porta, implorando que eu a abrisse.
- Por favor, vamos conversar! Mel, por favor!
A voz dele, a voz dele criava-me um nó na garganta tão grande que só me apetecia partir tudo o que houvesse de vidro naquela casa, e mandar tudo contra ele.
Levei-o à ignorância, conseguindo trancar a porta e não lhe respondendo.
Talvez Abigail estivesse correcta, porque raio andava eu a portar-me assim? Sempre na galderice, e sem estudo nenhum no clarinete. No que é que me tinha transformado? Eu que era daquele grupo de alunos em que se concentrava nos estudos para obter boas notas. Eu que andava sempre a competir para tirar melhores notas que Monie. Agora nem sequer ia às aulas, nem sequer sabia onde havia deixado o meu clarinete.
- Isto não pode continuar assim.
Destranquei a porta, Stark sorriu, pensando que me havia conquistado de novo, mas percebeu logo que não quando o olhei nos olhos.
- Entra e senta-te, enquanto eu vou chamar a Abigail e vamos conversar os três.
Stark fez de cão mandando e fui logo buscá-la. Ela não foi capaz de olhar para mim, e Stark pouco também.
- Já que agora têm tanta vergonha de falar agora e de exprimirem os vossos sentimentos, falo eu. Pelos vistos, a única que têm o juízo assente é a Harmonie, que está a conseguir prosseguir um sonho que era partilhado por nós as três, Abigail. E acredito que ela irá ser uma música profissional talentosa, com o empenho e dedicação que ela faz por ter. E ao mesmo tempo, ela consegue coordenar toda esta casa, e ainda consegue tomar conta de nós. Eu sei que estes últimos tempos tenho andado muito perdida, mas talvez porque uma das minhas melhores amigas não me conseguia apoiar porque estava também desamparada. Pois, porque tu também não andas bem desde o início do ano letivo, quer dizer, tu já não andas bem desde que te tornaste uma adolescente típica do século vinte e um, mimada e com a mania que és rebelde. Ontem disseste-me que eu também estava assim, se calhar fiz mal em seguir os teus exemplos, Abigail. Mas agora estou sobre aviso, para a próxima não vou voltar a repetir.
Abigail estava estática, e a única coisa que lhe movia na face eram as lágrimas a escorrerem-lhe pelos olhos.
- Agora tu, Stark. - este estremeceu, sabendo que iria ser ainda mais fria com ele. - Eu sei que me portei muito mal contigo, nunca te devia ter traído com o Adam. Mas acho que a coisa mais imbecil que se pode fazer é pagar na mesma moeda! E para que saibas, se hoje eu não tivesse caído das escadas a baixo, traria no ventre um filho que era obra minha e tua, pois foi contigo que perdi a minha virgindade e era contigo que tencionava ter um grande futuro e feliz. Mas como namorado, a tua obrigação desde o início da minha turbulência era apoiares-me e abrires-me os olhos, para que eu pudesse seguir em frente como uma pessoa civilizada! Pois, porque com isto tudo nos parecemos uma cambada de macacos, que a única coisa que nos falta é saber pensar! E acho que o que tu fizeste, foi tudo menos pensar em mim e em nós, porque em ti pensaste, e bastante, para seres tão invejoso como és e traíres-me com a minha melhor amiga! Bem, prefiro não continuar se não estávamos aqui o dia todo. Aqui encerro a conversa e a nossa relação, Stark. Abigail, já sabes que desceste muito na minha consideração, e muito dificilmente vais recuperá-la.
Levantei-me da cadeira onde estava sentada e dirigi-me para a sala.
- Boa tarde a todos, peço imensa desculpa pelo horror que se sucedeu ontem.
Ficaram todos pasmados a olhar para mim, e, com a pouca paciência que tinha, virei costas e fui para o quarto de Monie que tinha tudo aquilo que eu precisava...por agora.
Sentei-me na secretária e peguei num caderno.
"Planos: Mudar de casa.
Ir à escola.
Ser feliz. "
Depois, calmamente, levantei-me e fui buscar a mala de viagem que estava por cima do guarda-roupa.
Quanto mais cedo, melhor.
*M
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