segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Childhood? Maybe it's gone now! *H

Parecia que o comboio não tinha cor e as pessoas respiram frieza. Sentia-me um poço sem fundo!
Mandei mensagem a Johnny, já tinha saudades dele e já me sentia arrependida de não me ter despedido dele.
"Continuo sem saber o que aconteceu na festa!"
Eram para aí 10 da noite e ainda estava a olhar pela janela do comboio, não sei muito bem para onde, quando senti o meu telemóvel vibrar no bolso das calças. Era Johnny.
- Vais-me explicar? Porque é que não tinha calças e o raio estávamos a fazer no telhado?- comecei logo, sem lhe dar tempo para  dizer o que quer que seja!
- Tu bebeste imenso na festa! Querias andar à porrada com uma caloira que se estava a atirar a mim, por isso levei-te para o telhado para refrescares a cabeça. Estávamos sentados nos colchões velhos de uma das vizinhas deles quando me começaste a beijar sem parar, nem eu ter hipótese de respirar! Sim, é isso mesmo que estás a pensar. Estavas tão bêbada que quiseste fazê-lo no telhado!- disse ele, o mais depressa que conseguiu antes que interrompesse.
- 'Tás a gozar, só pode! Eu só bebi um copo, ou dois... Não interessa! Mas fizemos? Ai não me digas que sim!
- Porquê? É assim tão mau fazê-lo comigo?
- Não.. quer dizer, não sei! Eu só não queria fazer com esta idade!
- Ainda bem que não fizemos, então! Era só para te assustar..
- Que estúpido! Desculpa...- o arrependimento de não me ter despedido dele assolou-me o coração, deixando-o vazio.
- Eu entendo, por mais difícil que seja eu entendo! Ligas-me quando chegares?
- Mando mensagem, pode ser?- não estava com muita vontade de conversar- Agora vou ver se descanso.
- Amo-te!
- E eu a ti! Beijos.- desliguei o telemóvel e voltei a olhar pela janela.


É estranho, parece que vou visitar a minha mãe, quando na verdade vou ao velório do meu pai. Acho que ainda não me adaptei à situação!
Eram 2 da manhã quando cheguei e já avistava o carro do meu irmão no parque de estacionamento.
Não era capaz de dizer nada a ninguém. Mal saí do comboio, as pessoas que se encontravam na estação não tiravam os olhos de cima de mim. Uns cochichavam: "A filha do presidente... 'Tadita, ninguém merece isto!", outros simplesmente olhavam, outros desviavam o olhar, mostrando o seu nojo pela morte do homem mais conhecido naquele lugar.
O meu irmão esperava-me fora do carro, vestido com o seu casaco de couro bege apertado até ao máximo. Continuava com o mesmo cabelo curto espetado escuro, tal como em criança. Porém notava-se um inchaço devido à choradeira que ainda tentava esconder.


- A mãe deixou-te usar esse casaco horroroso? Deve estar bem pior que nós!- impliquei com ele para tentar sacar um sorriso.
- Mete-te dentro do carro!- respondeu com voz e cara inexpressiva, o que me causou um arrepio pela espinha acima e a impressão de que o caso não estava assim tão simples.


Entrei no carro e, de seguida, ele arrancou e permaneceu a maior parte do caminho em silêncio. Como a minha paciência não é das melhores, resolvi acabar com aquele suspense.
- Chamaste-me só para ajudar cá em casa e para ir ao funeral ou há mais alguma coisa?
Chegámos à herdade do meu pai, onde vivi durante anos até ir para Londres, encostou o carro perto do anexo e olhou para mim seriamente.

- Eu sei quem matou o pai!


 [CONTINUA..]